DF: Polícia descarta pai e filho como mandantes de chacina da própria família e mira crime patrimonial
Até agora, são 10 pessoas da mesma família que estão desaparecidas
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) descartou, na tarde desta quarta-feira (18), a hipótese de que Marcos Antônio Lopes de Oliveira e o filho Thiago Belchior planejaram a chacina da própria família. A informação foi divulgada pelo delegado-chefe da 6ª DP, responsável pelo caso, Ricardo Viana.
Agora, a corporação trabalha com a tese de que os três presos acusados planejaram o crime e executaram as vítimas. A mudança de posicionamento aconteceu após um 7º corpo do sexo masculino ser encontrado na casa que serviu de cativeiro para prender duas das vítimas, Renata e Gabriela Belchior, respectivamente, esposa e filha de Marcos Antônio. A polícia encontrou este 7º corpo na tarde desta quarta (18).
“Agora, trabalhamos com a tese de que Gideon, Horácio e Fabrício se associaram, subtraindo valores da família e ceifando as vítimas uma a uma. Com a localização desse sétimo corpo, a coautoria fica prejudicada. Os membros desaparecidos não praticaram o crime juntos e não estavam em conluio com as três pessoas presas”, disse Ricardo Viana. O delegado trabalha com a hipótese de crime patrimonial. “É uma questão patrimonial. Eles moravam na mesma chácara que a família, sabiam da rotina deles e bolaram o crime”, argumenta Viana.
O caso está sendo investigado por uma força-tarefa montada pelas polícias civis de três locais; DF, Goiás e Minas Gerais. Segundo a polícia, centenas de policiais já trabalham no caso. Cerca de 50 deles estão em campo buscando as vítimas que ainda estão desaparecidas.
Ainda nesta quarta (18), familiares registraram o desaparecimento de mais duas pessoas da mesma família, a ex-mulher de Marcos Antônio, Cláudia, e a filha deles.
Até agora, são 10 pessoas da mesma família que estão desaparecidas.
Entenda o caso:
A chacina macabra – feita com requintes de crueldade – inclui cativeiro para prender vítimas, crianças enforcadas, mulheres asfixiadas e corpos carbonizados. A história começou com o desaparecimento de oito pessoas da mesma família, no DF.
A primeira pessoa a desaparecer foi Elizamar da Silva, 39 anos. Ela desapareceu na noite da última quinta (12), quando deixou o salão em que é proprietária, na Asa Norte, em Brasília, em companhia dos três filhos pequenos e de uma funcionária.
A cabeleireira deixou a funcionária em uma parada de ônibus e seguiu para a casa da sogra ao encontro do marido, Thiago Belchior. Depois das 22h da noite, a funcionária enviou mensagens à patroa, mas não obteve resposta.
Além destas quatro pessoas, também desapareceram, entre o sábado (14) e o domingo (15), mais quatro pessoas da mesma família: Thiago Gabriel Belchior (marido de Elizamar), Gabriela Belchior (cunhada de Elizamar e irmã de Thiago), Marcos Antônio Oliveira Lopes (pai de Thiago) e Renata Belchior (mãe de Thiago, esposa de Marcos e sogra de Elizamar).
Durante as investigações, a polícia prendeu três suspeitos de envolvimento com o caso: Gideon Menezes, Horácio Carlos e Fabrício Canhedo. O trio confessou os crimes e acusou Marcos Antônio e Thiago de serem os mandantes dos assassinatos; desde a emboscada de Elizamar até cárcere privado das vítimas.
Pela versão dos três, Marcos Antônio e Thiago Belchior arquitetaram um plano macabro para dizimar a própria família e ficar com o dinheiro de um empréstimo que a cabeleireira Elizamar fez para reformar o salão, no valor de R$ 100 mil; e com mais R$ 400 mil que Renata adquiriu após vender uma casa.
Ainda segundo a versão dos presos, Thiago armou uma emboscada para a esposa. O plano inicial era atrair a mulher para a casa dos sogros, localizada no Paranoá, no DF. Mas Elizamar chegou ao local em companhia dos três filhos do casal. Por isso, os quatro foram mortos asfixiados e queimados dentro do carro da cabeleireira.
Os presos ainda chegaram a afirmar à polícia de que Thiago, pai das crianças, enforcou os próprios filhos. Na sexta-feira (13), o carro de Elizamar, um Clio, foi encontrado em Cristalina, Entorno do DF, com quatro corpos carbonizados.
Já as outras duas vítimas, a esposa (Renata) e a filha de Marcos (Gabriela) teriam sido mantidas em cativeiro em Planaltina, no DF. Ainda segundo a versão dos presos, como os mandantes da chacina não conseguiram o dinheiro, levaram as duas mulheres para a região de Unaí, na BR-251, em Minas Gerais, onde possivelmente foram mortas dias depois.
Na segunda (16), a polícia do DF divulgou ter encontrado, nesta região, um carro com dois corpos carbonizados. O carro está no nome de Marcos Antônio (esposo de Renata e pai de Gabriela, acusado pelos presos de ter encomendado os assassinatos).
Mas nesta quarta (18), a versão da história mudou. E de mandantes, Marcos Antônio e Thiago, passaram à vítimas. Isto porque um terceiro suspeito, Fabrício Canhedo, 34 anos, foi preso nesta madrugada . E, depois dessa terceira prisão, os suspeitos mudaram o depoimento: disseram que sequestraram a família toda, inclusive Thiago e Marcos (até então investigados como possíveis mandantes).