DF: Autores matam menor de 10 anos asfixiado, desovam corpo e postam foto com refrão de música: “eliminar inimigos”

Ele foi asfixiado até a morte no dia em que desapareceu, dia 30 de agosto

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), em coletiva à imprensa, na manhã desta segunda-feira (7), esclareceu as circunstâncias do morte do menino João Miguel, de 10 anos. Ele foi asfixiado até a morte no dia em que desapareceu, dia 30 de agosto.

Após ser morto, os autores do crime carregaram o corpo do menino em um tambor de ração de cavalo para desová-lo em outro local. A criança ficou aproximadamente 15 dias desaparecida antes de ser ser encontrada morta em um matagal no Setor Lúcio Costa, em frente ao viaduto que dá acesso ao Guará I, no Distrito Federal.

Segundo a delegada-chefe Bruna Eiras, da 8ª DP (Estrutural), João Miguel foi morto por dois menores, ambos de 16 anos, uma adolescente e o cunhado dela. Os dois autores, um maior de 19 anos e um menor de 13 anos, também estão envolvidos no crime.

“Inicialmente tratávamos o crime como um desaparecimento, a partir do dia 30 de agosto, quando [o desaparecimento] foi noticiado para a gente pelos familiares. No entanto, quanto mais o tempo passa, nesses casos de desaparecimento, mais difícil fica. Então, a gente começa a levantar outras hipóteses de outros crimes, não só de crime doloso contra a vida, mais às vezes, de algum tipo de exploração infantil, ou de qualquer outro crime, então a gente passa a tratar o caso como um crime mesmo e não como um desaparecimento”, explica a delegada.

Uma das pistas que levou à polícia a identificar os autores do crime foi o refrão de uma música postado junto a uma foto nas redes sociais. A publicação fala de eliminar inimigos. Trata-se do funk “Os Dez Mandamentos”, do Menor do Chapa e MC Pedrinho.

Na letra da música, os funkeiros dizem: “E os nossos inimigos, nós vamos eliminar. Mesmo que me custe a vida, a verdade eu vou falar”.

Em depoimento à polícia, a adolescente de 16 anos confessou a autoria do crime. A menor cometeu o crime juntamente com o cunhado dela, também de 16 anos. O namorado da menor, um carroceiro de 19 anos, Jackson Nunes de Souza, ajudou a enterrar o corpo de João Miguel.

Jackson está preso desde o último dia 27 de agosto por envolvimento no crime.

Em depoimento à polícia, o carroceiro disse que a autoria do crime seria da namorada dele, uma menor de 16 anos.

A motivação do crime seria porque o menino João Miguel pegou o cavalo de Jackson para ir ao Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) e acabou perdendo o animal. O cavalo foi encontrado após um mês, no curral da Secretaria de Agricultura (Seagri).

“A motivação, segundo os participantes do crime, seriam os pequenos furtos praticados por João Miguel. E o principal seria o prejuízo desencadeado pelo cavalo, que o suspeito teria perdido, que teria um valor de R$ 2.500.  Ele [João Miguel] teria furtado galinhas, uma bomba d’água, narguilé; além do cavalo, que seria o maior prejuízo dos suspeitos.”, conta a delegada.

 

COMO ACONTECEU

“O crime ocorreu quando João Miguel chegou na casa dos suspeitos para vender um cigarro eletrônico que ele fazia, de praxe. O João Miguel sempre estava acompanhado de um outro primo. Mas, naquele dia, ele foi sozinho, e os autores, que estavam meio que planejando o crime, porque já se viam no limite, em razão dos furtos praticados, viram, naquele dia, uma oportunidade para ceifar a vida do João Miguel. Os suspeitos o convidaram para fumar um narguilé.”

“Enquanto o menor se distraia arrumando o objeto, a menor de 16 anos pegou uma corda e passou por trás do pescoço da vítima, enquanto o outro menor, de 16 anos também, auxiliou fazendo a asfixia no rosto de João Miguel com um pano; ele amordaçou o João Miguel, vendou os olhos e promoveu a asfixia, introduzindo um vestido na boca de João Miguel.”

A delega-chefe Bruna Eiras explicita que “os dois maiores de 16 anos praticaram o ato infracional análogo ao homicídio, por meio da asfixia, seja com esse vestido, seja por meio da constrição do pescoço com a corda, e o maior de 19 anos, e o outro menor de 13 anos, praticaram a ocultação de cadáver. Os quatro juntos praticaram a ocultação de cadáver.” E continua:

“Os dois menores praticaram o homicídio e amarraram João Miguel com um cabresto. Quando o maior de 19 anos chegou ao local, em companhia do irmão menor de 13 anos, ele viu a cena e auxiliou os outros menores na ocultação do cadáver. Eles enrolaram João Miguel em um cobertor e o colocaram em um interior de um tonel  amarelo que era utilizado para colocar ração de cavalo. Ele pegaram o tambor com a vítima já dentro, subiram na carroça e levaram até o matagal. Eles já conheciam a região, sabiam que havia vários buracos lá, que era um local de difícil localização, que iria dificultar as buscas pela polícia, então eles jogaram o João Miguel lá dentro.”

 

CRIME PREMEDITADO

A delegada ainda revelou que a adolescente de 16 anos, namorada do carroceiro, está com a intenção de matar João Miguel. “Ela já estava com a intenção, ela já tinha esboçado pros outros que não aguentava mais as atitudes daquele menino, que eles recebiam na casa, e que ela iria fazer algo. Ela deixou bem claro que iria tomar alguma providência. E naquele dia foi o momento, porque ele sempre ia com alguém, e naquele dia ele foi só. Seria um crime premeditado, porém, que não foi organizado, planejado, com detalhes. Ela disse à polícia que estava satisfeita como o feito, porque agora não haveria mais furto na região e até então, após o crime, quando todos eles chegaram em casa, ela inclusive postou, na rede social dela, uma foto dela com o outro menor de 16 anos, com uma música, dizendo que, os inimigos, eles iriam eliminar.

Os outros dois menores negam a participação. O carroceiro, maior de idade, confessou a participação. Disse que, de fato, ajudou na ocultação do cadáver, em razão da menor ser a ‘esposa’ dele, disse que queria ajudar ela a se livrar do cadáver e fazer com que todos os autores saíssem impunes do crime. No último  depoimento à polícia, ele falou que, se fosse hoje, talvez ele faria com que ela se entregasse à polícia.

A polícia ainda adiantou que o carroceiro, maior de idade, está preso, e responderá por ocultação de cadáveres e corrupção de menores e pode ficar até 15 anos na prisão. Já os menores, estão em liberdade e aguardam pela decisão da Justiça.

 

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