Chacina no DF foi feita devido a uma disputa por terra, diz advogado da família dos mortos
A informação sobre a motivação do crime, segundo João Darc's Fernandes Costa, foi revelada por Carloman dos Santos Nogueira
A posse de um terreno foi a motivação para o crime que deixou dez pessoas de uma mesma família mortas em Paranoá, no Distrito Federal. A afirmação é de João Darc’s Fernandes Costa, advogado que representa a mãe da cabeleireira Elizamar da Silva, 39, uma das vítimas.
Ele deve atuar como assistente de acusação no caso junto à Promotoria.
A informação sobre a motivação do crime, segundo Costa, foi revelada por Carloman dos Santos Nogueira, 26, suspeito de participação nas mortes, e que se entregou na tarde de quarta (25).
“Nesta madrugada teve esse desdobramento, onde fixou-se a motivação. Com a prisão do Carloman, ficamos sabendo que a verdadeira motivação eram as terras do Marcos [Antônio Lopes de Oliveira]. O Carloman que trouxe essa informação”, explica Costa.
Marcos Antônio Lopes de Oliveira era pai de Thiago Gabriel Belchior, marido de Elizamar.
Os homens presos teriam se unido para eliminar a família, diz o advogado, com o objetivo de ocupar essas terras e, posteriormente reivindicar a posse.
“O que passou pela cabeça deles foi matar todo mundo, tomar algum dinheiro que o Marcos tinha na conta. Mataram todo mundo para não deixar nenhum herdeiro do Marcos. Qual explicação lógica para eles chamarem a esposa do Thiago [Elizamar] e mandar ela levar os meninos para o local dos fatos? Chamaram as crianças exatamente para acabar com os herdeiros. Elas eram herdeiros do Marcos que era o avô”, afirma Costa
De acordo com o defensor, justamente por isso que os dois filhos mais velhos de Elizamar, de outro relacionamento, não foram mortos.
“Como as terras não têm escrituras, qualquer um que as ocupasse poderia, no futuro, requerer a posse, foi isso que eles pensaram”, conta. A área, de acordo com o advogado, fica próxima ao condomínio Entre Lagos, em Itapoã, uma região administrativa do DF.
A Polícia Civil do Distrito Federal disse que a equipe está concluindo a investigação e relatando o inquérito, e que no momento, não há informação para repassar.
O advogado diz que o inquérito deve ser concluído nesta quinta (26) pela polícia e remetido à Promotoria, que tem prazo de cinco dias para decidir se oferece denúncia contra os suspeitos.
O advogado não descarta a participação de outras pessoas no crime. A Polícia Civil do DF confirmou que os envolvidos já têm advogado, mas a reportagem não conseguiu contato com ele.
O CRIME
Os corpos de Elizamar e dos três filhos dela, um menino de 7 anos, e um casal de gêmeos de 6, foram encontrados carbonizados no dia 13 deste mês, em Cristalina (GO), dentro do carro da família. Eles foram as primeiras vítimas a aparecer.
Na madrugada desta quinta-feira (26), um quinto suspeito da participação na chacina foi preso. Responsável pelas investigações, o 6º DP disse que o novo suspeito é conhecido como Galego, 25. Ele foi preso em Itapoã, uma região administrativa do DF.
De acordo com a investigação, o suspeito teria participado da associação criminosa que praticou os crimes de extorsão mediante sequestro (agravada pela morte), ocultação de cadáver e corrupção de menores.
Além do quinto suspeito, outras quatro pessoas foram presas: Horácio Carlos Ferreira Barbosa, 49, Gideon Batista de Menezes, 55,
Fabrício Silva Canhedo, 34, e Carloman. Segundo os investigadores, Horácio disse à polícia que a morte de Elizamar e das crianças tinha sido encomendada pelo marido, Thiago, e pelo sogro dela, Marcos Antônio, para tomar o dinheiro da venda de uma casa.
Mas o delegado responsável pelo caso, Ricardo Viana, diz acreditar que a informação dada em depoimento não seja verdadeira e tenha tido apenas a intenção de tumultuar as investigações ou atenuar a pena em caso de uma eventual condenação.
Segundo o delegado, as investigações apontam que os presos se uniram para tentar tirar o dinheiro da família. Dois dos presos eram funcionários e moravam numa chácara em Planaltina com Marcos Antônio, a esposa, Renata Juliene Belchior, 52, e Gabriela Belchior, 25, filha de ambos.
Durante a investigação, todos os membros da família foram encontrados mortos –carbonizados, degolados ou enterrados.
Por Francisco Lima Neto