Cartórios registram o janeiro mais mortal da série histórica no Distrito Federal

Em janeiro de 2022 foram registrados 1.658 óbitos no DF, um aumento de mais de 11% em relação a 2021

O aumento de casos de COVID-19 causados pela variante ômicron e seus diferentes reflexos no organismo humano pode ser uma das explicações para o recorde histórico de óbitos registrados pelos Cartórios de Registro Civil do Distrito Federal em janeiro de 2022, o mais mortal desde o início da série histórica em 2003, com um aumento de mais de 77% nos falecimentos por pneumonia em comparação ao mesmo mês de 2021.

Em janeiro de 2022 foram registrados 1.658 óbitos no DF, um aumento de mais de 11% em relação a 2021, que registrou 1.485 mortes no mês, e que já havia registrado crescimento de 18,1% nas mortes em relação a janeiro de 2020, ainda antes do início da pandemia no país. Já as mortes por pneumonia passaram de 171 em janeiro de 2021 para 304 neste ano. Em 2020, antes da pandemia, foram 249 mortes pela doença.

Os dados constam no Portal da Transparência do Registro Civil (https://transparencia.registrocivil.org.br/inicio), base de dados administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen/BR), abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos 7.658 Cartórios de Registro Civil do País – presentes em todos os 5.570 municípios brasileiros -, e cruzados com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que utilizam como base os dados dos próprios cartórios brasileiros.

Outro dado observado pelos números de óbitos registrados pelos Cartórios do Distrito Federal está relacionado ao crescimento de mortes por doenças do coração em janeiro deste ano na comparação com o primeiro mês do ano passado: AVC (72%), Septicemia (44%) e Insuficiência Respiratória (29%). Também registraram crescimento as mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) (25%), Doenças Cardiovasculares (15%) e Infarto (10%). Já os óbitos por Covid-19 tiveram redução de 56% no período.

 

“Os números dos Cartórios de Registro Civil mostram mais uma vez, em tempo quase que real, o retrato fidedigno do que acontece com a população brasileira. Embora haja uma diminuição clara nos óbitos por COVID-19, ainda não se conhecem todos os efeitos das novas variantes, em especial da ômicron, que, diante do aumento de casos no último mês, parece ser a causa do crescimento de óbitos de outras doenças, como a pneumonia, doenças do coração e septicemia”, explica Gustavo Renato Fiscarelli, presidente da Arpen/BR.

 

Mortes Violentas crescem
Enquanto o total de mortes em janeiro de 2022 no DF cresceu 11%, os falecimentos por Mortes Naturais – aquelas causadas por doenças – cresceram 10,8%. Já as Mortes por Causas Violentas – aquelas em razão de homicídios, acidentes de veículos, suicídio, entre outras – aumentaram 36%, o que mostra que a diminuição do isolamento eleva os índices de óbitos em razão de acidentes e crimes.

Na comparação de janeiro de 2020, antes do isolamento, com janeiro de 2021, houve queda de 6,12% nas Mortes Violentas.

O número de óbitos registrados nos meses de 2022 ainda pode vir a aumentar, assim como a variação da média anual e do período, uma vez que os prazos para registros chegam a prever um intervalo de até 15 dias entre o falecimento e o lançamento do registro no Portal da Transparência.

Além disso, alguns estados brasileiros expandiram o prazo legal para comunicação de registros em razão da situação de emergência causada pela COVID-19.

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