Bloco Pacotão, no DF, homenageia um dos seus fundadores
Cartunista Joka Pavarotti, falecido em 2021, foi reverenciado pelas ruas do Plano Piloto nessa terça (21)
De volta às ruas do DF após dois anos, o Pacotão agitou a 302 Norte na tarde de terça-feira (21). Em 2023, o bloco homenageia o cartunista Joka Pavarotti, falecido em 2021 e um de seus fundadores. A festa reuniu milhares de foliões que aproveitaram as marchinhas, o som do grupo percussivo Àsé Dúdú e a tradicional Banda Podre do Pacotão, enquanto o trio fazia o trajeto até a 502 Sul.
A paixão pelo Carnaval passou de pai para filho e quem preside o Pacotão hoje é Marcelo Silva, herdeiro de Joka Pavarotti.
‘‘Há 15 anos, eu comecei a frequentar a festa com meus pais. Tenho lembranças da minha mãe vendendo camisetas na porta do restaurante Picanhas do Sul e a cada ano eu fui ficando mais envolvido”, recorda. “Passei a resolver algumas questões organizativas e, nos últimos anos, me entreguei na produção dessa folia. Ainda não tenho filhos, mas, se tiver, com certeza eles serão pacotinhos’’, brinca o organizador.
Ainda segundo Marcelo, a verba direcionada a partir do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) foi essencial para o Carnaval do Pacotão.
‘‘Antes da pandemia, tínhamos outros patrocínios, mas entre 2021 e 2022 muitos estabelecimentos foram fechados, verbas foram suprimidas e acabou ficando difícil conseguir angariar fundos”, conta. “Hoje, o bloco só está na rua por conta desse recurso do GDF. Indiretamente, mais de 500 famílias estão sendo beneficiadas com a renda gerada aqui, envolvendo trabalhos diretos e indiretos’’, diz.
Veteranos e debutantes
A médica e professora Leonora Vianna, 72 anos, é uma fã de carteirinha do Pacotão e estava com saudades de ver o bloco na rua.
‘‘Acompanho o Pacotão há muitos anos e o que sempre me chama a atenção é a forma como o bloco consolida e retrata críticas ao governo”, destaca. “Além disso, acredito que o Carnaval é para todas as idades e para todas as pessoas’’, defende.
E Leonora não foi sozinha para o bloco. Este ano, ela levou a amiga, a aposentada Mercedes Cavalcanti, 79 anos.
‘‘É a primeira vez que venho ao Pacotão e estou amando! Moro em Brasília desde 1964 e nunca tinha vindo. Este ano, a Leonora me convidou e eu vim”, relata a animada aposentada. “Agora já quero estar aqui também no ano que vem’’, se alegra.
De acordo com os organizadores, a estimativa de público do bloco foi de aproximadamente 10 mil pessoas, que interagiram na concentração, na 302 Norte, e depois seguiram caminhada até a 502 Sul.
O Pacotão traz em sua história grandes críticas à política brasileira e seu nome surgiu para ironizar o pacote de abril, lançado pelo presidente Ernesto Geisel, durante o regime militar.