Zé Trovão passou dois dias com a família antes de se entregar à PF
PRG pediu a prisão do ativista por entender que ele incitou atos antidemocráticos
Na estratégia de se entregar à Polícia Federal e tentar ver sua ordem de prisão ser derrubada posteriormente, o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, o Zé Trovão, ainda conseguiu passar dois dias com a família, em Joinville (SC).
A Procuradoria-Geral da República pediu a prisão do ativista porque entendia que ele incitou atos antidemocráticos, como um suposto plano para invadir o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), em apoio ao presidente Jair Bolsonaro no feriado de 7 de Setembro.
O pedido foi autorizado pelo relator do inquérito na Corte, o ministro Alexandre de Moraes. Mas, apesar disso, Zé Trovão conseguiu deixar o Brasil e fugir para o México – ele ficou foragido por mais de dois meses.
Segundo duas fontes que acompanham o caso e foram ouvidas pelo UOL sob a condição de anonimato, Zé Trovão saiu da cidade do México na sexta-feira (22) e chegou a Lima, no Peru, num voo da companhia aérea Latam.
De lá, ele foi para o Paraguai, até Ciudad del Este, na fronteira com o Brasil. Há divergências de relatos sobre como foi a forma em que ele cruzou a Ponte da Amizade e chegou a Foz do Iguaçu (PR), no lado brasileiro.
Não se sabe se ele foi a pé ou mesmo com um taxista de motocicleta. De Foz, Trovão entrou num carro. Sem ser parado em nenhuma blitz, chegou a Joinville (SC) no domingo (24). Lá, reviu os familiares e ficou recolhido até terça-feira.
Na terça-feira (26), o caminhoneiro bolsonarista foi até a unidade da Polícia Federal em Joinville. “O preso se apresentou no início da tarde na delegacia”, informou a corporação em nota. No mesmo dia, a defesa apresentou um pedido de relaxamento de prisão ao Supremo Tribunal Federal.
Como mostrou o UOL, depois que o STF ordenou o confisco de contas bancárias ligadas ao movimento político de Zé Trovão, foram recolhidos cerca de R$ 50 mil arrecadados nos primeiros dias de agosto. Com o fechamento das contas, ele e outros ativistas bolsonaristas abriram novas contas bancárias. Das nove contas identificadas pela reportagem, algumas incluíam até bitcoins, um tipo de criptoativo.
Texto: Eduardo Militão e Rafael Neves