Surto de lesões e coceira em PE foi causado por mariposas, diz entidade médica – Mais Brasília
FolhaPress

Surto de lesões e coceira em PE foi causado por mariposas, diz entidade médica

Profissionais fizeram o diagnóstico da doença como dermatite

Foto: Reprodução

Dermatologistas ajudaram a solucionar o mistério do surto que estava provocando coceira em moradores de 17 municípios pernambucanos, até então sem causa definida.
A SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) emitiu, nesta quarta-feira (8), uma nota técnica confirmando que o problema teve relação com cerdas de mariposas do gênero Hylesia.

Profissionais fizeram o diagnóstico da doença como dermatite, com a identificação de 485 casos.
Os primeiros registros ocorreram em duas comunidades localizadas nas proximidades de área de reserva de Mata Atlântica do Parque Estadual de Dois Irmãos, no Recife.

“Com a comprovação das cerdas no exame direto, história clínica e epidemiológica extremamente compatível e relato de mariposas no local feito pelos moradores, concluímos que o mistério está resolvido e esperamos que os tratamentos corretos sejam ministrados à população”, escrevem os dermatologistas Claudia Ferraz e Vital Haddad Júnior, na nota técnica da SBD.

Dentre as hipóteses levantadas para a origem do surto estavam a possibilidade de intoxicação por ivermectina, escabiose (sarna), picadas de insetos, dentre outras, com todas sendo descartadas.
“A hipótese de escabiose era absurda, pois o tipo de transmissão é outro, a distribuição e aspecto das lesões cutâneas eram distintos e nenhum ácaro foi achado em muitas amostras de exame direto e exames histopatológicos”, completa o texto.

A identificação da causa real veio depois de investigação da história epidemiológica correta e descrição adequada das lesões, chegando até a chave do problema: as asas de mariposas do gênero Hylesia. Sua reprodução ocorre nesta época do ano, em períodos de calor mais intenso e provocam epidemias de dermatites em vários pontos do Brasil.
“Estes insetos entram em ambientes domésticos e ao se debaterem contra focos de luz, liberam cerdas corporais minúsculas que penetram profundamente na pele humana e causam a intensa dermatite observada”, informou comunicado da SBD.

A dermatite causada por essas cerdas permanece por dias e até semanas, devido à permanência na pele, que pode ser observada em exames. O tratamento é feito com corticoides tópicos e anti-histamínicos, podendo ser usado corticoides sistêmicos se necessário, a depender da extensão das lesões.

Em entrevista para a TV Globo Nordeste, Ferraz afirmou que não é preciso matar as mariposas: “Elas são fundamentais no ciclo biológico e para o próprio equilíbrio da natureza. A gente que está margeando o local da mata, então vamos aprender a lidar com esses ciclos naturais do animal”, explicou.