Série de mortes na fronteira leva Brasil e Paraguai a montar bloqueios e lançar operações conjuntas
Os detalhes foram tratados na manhã desta quinta-feira (14/10) em reunião
As polícias brasileiras e paraguaias devem adotar operações conjuntas e montar barreiras contra ação de grupos criminosos que atuam na fronteira dos dois países.
Os detalhes foram tratados na manhã desta quinta-feira (14/10) em reunião na sede da polícia paraguaia em Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com Ponta Porã.
A região vive uma onda de violência em ambos os lados da fronteira. A crise ganhou outro patamar após a morte de pessoas sem ligação com o crime, como três estudantes de medicina assassinadas junto com um homem que seria alvo do PCC (Primeiro Comando da Capital).
“Vamos realizar controles que possivelmente vão afetar o grupo criminoso. Teremos uma linha por parte do Paraguai e uma por parte do Brasil, porque temos conhecimento de que se realizam assaltos em um país e se passa para o outro”, disse o comissário paraguaio Carlos Lopez.
De acordo com ele, porém, o controle não deverá afetar cidadãos que cruzam as fronteiras para fazer compras.
A subcomandante da Polícia Militar em Ponta Porã, major Luciane Camiato, afirmou que esse tipo de colaboração é importante pelo fato de que a fronteira não tem qualquer espécie de barreira física. “Temos a criminalidade instalada nos dois países. Se não houver essa colaboração das duas polícias, a gente tem muitas dificuldades em conter a criminalidade, pela facilidade de acesso e de transição de um país para outro”, diz.
De acordo com ela, o policiamento ostensivo está sendo reforçado nas duas cidades e em breve devem acontecer operações conjuntas.
“Também haverá uma colaboração de trabalhos de investigação, da parte do Exército paraguaio também. Provavelmente, haverá operações integradas em termos de mesmo horário, locais combinados, alguns tratados de acesso de um país para outro, troca de informações”, disse Luciane.
O delegado da Polícia Civil Marcos Werneck afirmou que ainda será firmado um acordo para formalizar os trâmites. “A gente está vivendo uma situação sensível, tanto em Pedro Juan como Ponta Porã e a integração sempre é um caminho muito fértil para o trabalho”, disse.
A polícia apura o envolvimento do PCC com uma série de mortes na fronteira. O caso mais notório foi a morte de um homem e três estudantes de medicina, na saída de uma casa noturna em Pedro Juan Caballero.
O homem seria alvo dos criminosos –sete pessoas suspeitas de envolvimento com esse crime foram presas, sendo seis delas brasileiros.
A morte de três estudantes, duas delas brasileiras e uma filha do governador do estado paraguaio de Amambay, gerou grande sensação de insegurança na população.
Pedro Juan Caballero é lar de mais de 10 mil estudantes brasileiros, que migraram para o país vizinho para estudar medicina. Conforme a Folha mostrou, os crimes instalaram uma rotina de medo entre os alunos, que dizem evitar sair de casa.
A fronteira também vive uma onda de mortes praticadas por supostos justiceiros, em que as vítimas são deixadas com bilhetes justificando os crimes devido à prática de roubos. No entanto, entre diversos investigadores que conversaram pela reportagem a opinião corrente é que os próprios criminosos utilizam esses bilhetes para despistar a polícia, em acertos de contas dos grupos criminosos.
Artur Rodrigues e Adriano Vizoni