Sobe para 145 o número de cidades em situação de emergência após chuvas em Minas Gerais – Mais Brasília
FolhaPress

Sobe para 145 o número de cidades em situação de emergência após chuvas em Minas Gerais

Segundo boletim, 13.734 pessoas estão desalojadas e há 3.409 desabrigados

Foto: Gil Leonardi/Imprensa MG

Subiu para 145 o número de cidades que decretaram situação de emergência em razão das fortes chuvas que atingem Minas Gerais. Considerando as dez mortes provocadas pela queda de uma rocha em Capitólio, já são 19 óbitos desde outubro, início do período chuvoso no estado.

Ao todo, 13.734 pessoas estão desalojadas e há 3.409 desabrigados, 35 a mais que no último boletim divulgado pela Defesa Civil. Nos dois casos, são pessoas que tiveram de deixar suas casas, mas são considerados desabrigados aqueles que precisam de assistência do governo para moradia temporária.

Só no domingo (9), pelo menos dez cidades da região metropolitana de Belo Horizonte registraram pontos de alagamento após as chuvas intensas. Segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, houve 124 chamadas de pessoas ilhadas envolvendo os municípios de Betim, Brumadinho, Contagem, Juatuba, Mário Campos, Mateus Leme, Nova Lima, Raposos, Rio Acima e Sabará.

Em Nova Lima, as águas chegaram a atingir 2,5 metros no bairro de Honório Bicalho. Em vídeos que circulam nas redes sociais, também há registros de enxurrada em Ouro Preto, cidade conhecida pela arquitetura barroca e que atrai milhares de turistas todos os anos.

A situação é crítica na barragem hidrelétrica da Usina do Carioca, na cidade de Pará de Minas, a 83 km de Belo Horizonte, após as fortes chuvas no estado. De acordo com o Corpo de Bombeiros, “tem água vertendo por cima e pelos lados” da represa, elevando o risco de rompimento.

No domingo, a prefeitura emitiu um alerta pedindo a moradores da região que deixem suas casas devido ao risco iminente de rompimento da estrutura, que pertence à empresa Santanense.

Na manhã desta segunda-feira (10), o porta-voz dos Bombeiros de Minas Gerais, Pedro Aihara, afirmou à CNN que a situação da represa segue preocupante.

“A gente tem água vertendo tanto por cima da barragem como dos lados. Em decorrência disso as comportas já foram abertas, mas mesmo assim o fluxo de agua é tão intenso que foi necessária a evacuação preventiva e emergencial das comunidades”, disse Aihara.

Ele ainda afirmou que a corporação mineira acredita que seja dez o número final de mortos na tragédia na região do Lago de Furnas, em Capitólio (MG), onde, no sábado (8), uma rocha se desprendeu e caiu sobre quatro lanchas com turistas.

Outras 30 pessoas ficaram feridas. O local foi isolado e está fechado para visitação.

“A princípio, o número final é de dez mortos. Por que a gente permanece com essas operações em Capitólio?”, questionou o bombeiro. “Porque, por mais que nós já tenhamos recuperado esses dez corpos, devido ao impacto, a violência dessa colisão da rocha com algumas das vítimas, nem todos os corpos foram recuperados de forma íntegra.”

Segundo o tenente, a corporação segue fazendo buscas no local da tragédia, com o objetivo de recuperar o restante dos segmentos corpóreos menores das vítimas. Além disso, os bombeiros estão em busca de destroços das embarcações atingidas para “auxiliar nas investigações que vão subsidiar o inquérito que vai ser feito para apurar as circunstâncias desse acidente”.

As fortes chuvas que atingem Minas Gerais ainda transbordaram o Rio Piracicaba na tarde de domingo, rompendo parcialmente uma ponte pênsil e isolando moradores ribeirinhos na cidade de Nova Era, região central do estado.

Ao menos 200 pessoas foram acolhidas nas escolas do município, disse à reportagem a Defesa Civil municipal.
“Algumas pessoas ainda estão ilhadas. Precisamos de voluntários com barcos para ajudar”, afirmou o órgão, que também resgata os móveis das casas e os levam para o abrigo.

De acordo com a Defesa Civil, os alertas de enchentes começaram já na última sexta (7). No sábado, a cota de inundação, de 4,70 metros, foi atingida e, no dia seguinte, ultrapassou os 7,94 metros.

“O rio corta toda a cidade. Com a enchente, a correnteza ficou muito forte, rompeu o cabo que sustentava a ponte, que é para pedestres”, afirma o órgão. “Ninguém ficou ferido, mas não dá para se aproximar da ponte nem de barco.”
A prefeitura pede a voluntários com barcos, jet ski e botes que entrem em contato com a Defesa Civil pelo WhatsApp 31 3861-4221 para oferecer ajuda.

As chuvas ainda fizeram um dique transbordar, o que causou a interdição da rodovia BR-040 nas imediações de Nova Lima na manhã de sábado (8). Segundo o Corpo de Bombeiros, a estrutura de contenção da barragem da Mina Pau Branco não suportou o grande volume de chuvas.

O incidente ocorreu pouco antes das 11h. A rodovia federal foi inundada e o trânsito, interrompido. Não há previsão de liberação da via.

A Justiça de Minas Gerais decidiu impor à fabricante de tubos Vallourec, responsável pelo dique, uma série de medidas para conter os danos do transbordamento. A estrutura está em nível 3 de emergência, que significa risco de ruptura iminente.

A decisão judicial suspende as atividades da Vallourec no local, bloqueia R$ 1 bilhão da empresa e a obriga a tomar providências “para conter os danos ambientais e sociais” causados pelo vazamento.

A chuva que atinge o centro e sul de Minas Gerais não deve dar trégua nos próximos dias. Para esta segunda, segue a previsão de tempo encoberto e com chuva, a qualquer hora, em praticamente todo o estado.

A previsão é de que o tempo continue muito instável na região da Grande Belo Horizonte nos próximos 5 dias, segundo o Climatempo. Até a próxima quinta (13), a chuva será frequente e com intensidade de moderada a forte por várias horas. Ainda segundo os meteorologistas, o Triângulo Mineiro e o Vale do Rio Doce deverão ter a maior quantidade de chuva do Brasil hoje.

O Sol deve aparecer entre nuvens apenas em parte do Triângulo Mineiro. No Jequitinhonha e Mucuri, momentos de mormaço ou pequena abertura do céu se intercalam com pancadas de chuva, segundo previsão do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Por Wanderley Preite Sobrinho