Smartphone é, cada vez mais, dominante no acesso à internet – Mais Brasília
FolhaPress

Smartphone é, cada vez mais, dominante no acesso à internet

Na média geral da população, os percentuais ficam em 88% e 84%

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em qualquer estratificação da pesquisa nacional do Datafolha sobre consumo e comportamento digital do brasileiro, o smartphone aparece como o dispositivo mais usado para acessar a internet.

O domínio é, claro, total entre os jovens entre 16 e 24 anos: 97% deles têm smartphone –e o mesmo percentual o usa para acessar a internet. Na média geral da população, os percentuais ficam em 88% e 84%, respectivamente.

A presença do smartphone vai decrescendo três pontos percentuais a cada degrau da faixa etária; chega a 94% entre pessoas de 25 a 34 anos, a 91% dos 35 aos 44, e a 88% dos 45 aos 59. A queda só é mais brusca na última faixa, de gente acima dos 60 anos, em que totaliza 72%.

Movimento semelhante se repete na estratificação por classe social: 97% dos que têm smartphone são das classes A/B, 91% da classe C e 76%, D/E. Ou seja, na base da pirâmide social, um a cada quatro pesquisados não possui celular que acessa a internet.

“Temos observado ano a ano o crescimento da proporção de usuários que acessam a rede exclusivamente pelo telefone celular”, afirma Fábio Storino, coordenador da pesquisa TIC Domicílios, desenvolvida desde desde 2005 pelo Cetic-Br, órgão ligado ao Comitê Gestor de Internet no Brasil.

Na edição de 2014 da TIC, o computador de mesa era responsável por 80% dos acessos à rede, e o celular, por 76%. No ano seguinte o smartphone assumiu a dianteira, enquanto o protagonismo do computador foi desabando. Na última pesquisa, relativa a 2021 mas concluída em junho último, ele responde por 36% dos acessos nos 23.950 domicílios pesquisados.

Para Storino, uma das razões para o crescimento do smartphone foi a ampliação da oferta de planos mais populares. Entre 2015 e 2021, a TIC retratou uma redução gradual da proporção dos pré-pagos, que recuaram de 75% para 65%. “Mas esses planos ainda são pouco acessíveis às parcelas mais pobres da população, que, muitas vezes, veem a franquia de dados acabar antes do fim do mês”, diz.

No Datafolha, a média de entrevistados que disseram ter pacote de dados foi de 70%. A diferença de poder aquisitivo provoca uma defasagem de 19 pontos percentuais entre os mais ricos e mais pobres: nas classes A/B, 83% têm, na C, 71% e nas classes D/E, 54%.

O valor do pacote de dados segue a mesma dinâmica: 23% pagam até R$ 30, 33% dos entrevistados gastam de R$ 30 a R$ 50, 32%, de R$ 50 a R$ 100; só 7% têm pacotes acima de R$ 100.

TERCEIRA IDADE

O preço, em comparação a dispositivos como notebook ou tablet, e a facilidade de usar um aparelho que funciona como computador de bolso são requisitos que favorecem o consumo do smartphone, mas o aparelho ainda traz dificuldades para usuários com 60 anos ou mais, a faixa etária que menos adere ao aparelho.

Para ajudar a turma da terceira idade, instituições como a USP Leste e seu braço em São Carlos, que abriga o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação, oferecem cursos especiais.

“Temos o curso Idosos Online desde 2009. No começo era voltado para o computador de mesa, mas, a pedido dos próprios alunos, por volta de 2016, 2017, começamos a trabalhar com os smartphones”, afirma Lilian Cliquet, mestre em gerontologia da USP Leste e especializada no letramento digital da terceira idade. “Ficou inclusive mais tranquilo, porque os próprios alunos traziam os seus equipamentos.”

A universidade oferece cursos nos níveis iniciante, intermediário e avançado. São 15 aulas semanais de duas horas por encontro. “Na fase inicial muitos chegavam com o equipamento na caixa, queriam saber como ligar. Tínhamos que explicar tudo, o que era um ícone, como funciona um touch screen, básico mesmo”, conta Cliquet.

A falta de paciência dos familiares para ensinar como se usa é uma das justificativas apontadas pelos idosos que buscam o curso, diz a professora. “Em casa todo mundo faz pelo idoso, pegam o celular e resolvem, mas eles querem e têm capacidade para aprender.”