Sistema da Prevent Senior é passível de adulteração, diz Cremesp
Irregularidade foi apontada em fiscalização recente; empresa diz que manipulação é impossível
O sistema usado pela rede Prevent Senior para registrar os prontuários eletrônicos dos pacientes não fornece segurança para evitar que os documentos sejam adulterados, segundo a presidente do Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo), Irene Abramovich.
A informação foi dada durante depoimento à CPI da Prevent da Câmara Municipal de São Paulo na manhã desta quinta-feira (9/12). “Não podemos garantir [que os prontuários não tenham sido adulterados]”, disse Abramovich.
A operadora de saúde é acusada por ex-funcionários e pacientes de adulterar os prontuários para mudar a classificação das doenças e omitir a Covid-19 nos óbitos registrados nas unidades da rede. A empresa nega qualquer fraude nesse sentido.
O advogado do Cremesp, Carlos Michelis, disse que a operadora não informou a classificação do grau de segurança utilizado pelo sistema de prontuários eletrônicos, segundo graduação estabelecida pela Sociedade Brasileira de Informática em Saúde.
Em nota, a Prevent Senior negou a falta de segurança no sistema de prontuários eletrônicos. “Alterações ou fraudes são impossíveis no atual sistema”, informou a empresa.
De acordo com a presidente do Cremesp, as unidades da rede foram alvo de fiscalização da entidade em 1º de outubro, quando a irregularidade foi constatada.
Abramovich se disse assustada com depoimentos de integrantes da operadora de saúde à CPI do Senado, em que foi confirmado o compartilhamento de senhas do sistema de prontuários entre médicos e enfermeiros, que preenchiam as informações e carimbavam receitas, atribuições restritas a médicos. “Eu nunca vi isso em mais de 50 anos de medicina”, disse.
Com 25 sindicâncias para investigar a Prevent Senior em andamento, o Cremesp pediu o envio de prontuários registrados durante a pandemia e ainda não foi atendido pela empresa, segundo a presidente.
Abramovich também afirmou que a entidade tomou medidas judiciais contra a operadora de saúde para explicar a nomeação do médico Fernando Oikawa ao cargo de diretor clínico.
Em depoimento à CPI da Prevent, Oikawa disse que foi nomeado para a função e, segundo a presidente do Cremesp, a eleição dele ao cargo foi registrada em ata. “Ele era diretor dos dez hospitais, o que é proibido”, diz a presidente.
Procurada, a Prevent Senior afirmou que as eleições para os cargos de diretores clínicos seguem as regras previstas e foram validadas pelo Cremesp. “A Prevent Senior sempre respeitou a autonomia médica e lamenta a antecipação de juízos de valores a respeito de sindicâncias ainda não finalizadas pelo conselho”, disse em nota.
Por Mariana Zylberkan