Sheik dos Bitcoins é preso pela PF sob suspeita de continuar operando
Polícia Federal estima que o esquema teria movimentado mais de R$ 4 bilhões desde 2018
O empresário Francisley Valdevino da Silva, conhecido como Sheik dos Bitcoins, foi preso pela Polícia Federal, nesta quinta-feira (3), em Curitiba. Ele é investigado por suspeita de golpes com criptomoedas no Brasil e no exterior. A polícia estima que o esquema teria movimentado mais de R$ 4 bilhões desde 2018.
Segundo a PF, o empresário foi preso por descumprir as medidas cautelares impostas pela Justiça Federal. Dentre as restrições, ele não poderia continuar a administrar suas empresas e estava impedido de praticar atos de gestão no interesse do grupo econômico.
A Folha não encontrou a defesa do empresário até a publicação deste texto.
Além do mandado de prisão preventiva, nesta terça os agentes da PF cumpriram dois mandados de busca e apreensão. A ação é um desdobramento da Operação Poyais, que apura a prática de crimes contra a economia popular e o sistema financeiro, além de estelionato, lavagem de capitais e organização criminosa.
A primeira fase da operação foi deflagrada em outubro deste ano. Na ocasião, a PF chegou a pedir a prisão de Francisley, mas a solicitação foi negada pela Justiça Federal do Paraná.
Durante a ação, foram apreendidos, em casas ligadas ao Sheik dos Bitcoins, barras de ouro, relógios de marca, carros de luxo e dinheiro em espécie.
Mas, segundo a investigação da PF, dias após essa ação, o empresário passou a realizar encontros frequentes com funcionários de suas empresas. Os encontros eram feitos na casa onde ele mora, em Curitiba.
Uma das empregadas seria a gerente financeira do grupo. Outro funcionário que frequentava a residência foi identificado pelos policiais como responsável por produzir as peças de designer gráfico das plataformas virtuais criadas por Francisley para prática das fraudes.
“Além do descumprimento das medidas cautelares, as quais eram suficientes para a expedição do decreto de prisão, a constatação dos encontros frequentes do investigado com empregado responsável pelo designer gráfico das plataformas virtuais demonstrou que a organização criminosa continuava ativa e promovendo atos criminosos”, diz a PF.
GRUPO ESTARIA AMPLIANDO ESQUEMA
Em uma outra operação realizada pela PF para reprimir a prática de crimes financeiros, batizada de operação Bad Bots, os agentes constataram que o sistema virtual usado por um grupo criminoso para fraudes havia sido criado e era mantido pela empresa de Francisley.
“Da mesma forma, demonstrou-se que os encontros do investigado com funcionário da área de criação de plataformas virtuais se destinavam a criação e manutenção de outros sistemas virtuais ativos, comercializados pela organização criminosa com terceiros, possivelmente usados para promoção de práticas criminosas semelhantes”, afirmou a PF.