Senador mineiro denuncia quantidade de doações para o RS paradas nos galpões dos Correios
"Senador, nós precisamos de todos o tipo de ajuda e muito do que nós temos hoje é de ajuda humanitária dos estados", responde o parlamentar gaúcho
Nessa terça-feira (30), o senador mineiro Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) publicou um vídeo em suas redes sociais entrando em um galpão dos Correios, em Contagem, Minas Gerais, em que mostra centenas de pacotes de doações de todo o país, com roupas etiquetadas, que não foram entregues às vítimas do Rio Grande do Sul.
“Tem galpão de doação em Montes Claros, que não foi entregue ainda. Tem em Antônio Carlos, em Belo Horizonte. Um funcionário dos Correios que não se identificou e não precisa se identificar, me disse que tem em São Paulo também.”, diz o senador mineiro.
Para entrar no local, o parlamentar mostra a credencial do Senado, conversa com alguém do departamento de segurança da estatal e, num dado momento, diz: “Se isto daqui não servir para nada para um senador da República, eu vim fiscalizar um órgão que é público, em que estão doações para o Rio Grande do Sul (…)”.
Nas imagens, o parlamentar anda pelo enorme local apontando as etiquetas em que está escrito a identificação da doação, o local do país em que foi arrecadada e para onde a doação deve ser encaminhada. Durante a gravação do vídeo, o senador liga para outro parlamentar, um deputado federal gaúcho, e pergunta se o Rio Grande do Sul ainda precisa das doações.
“Os Correios dizem que o Rio Grande do Sul precisa pedir para que as doações sejam enviadas. Eu vou ligar para um parlamentar para saber se o Rio Grande do Sul precisa de doações”, explica Cleitinho, narrando o vídeo, enquanto pega o celular e faz uma ligação via WhatsApp para o parlamentar gaúcho. “Deu uma polêmica para entrar aqui dentro, o que os Correios estão alegando é que o governador precisa pedir. Vocês estão precisando de roupa aí?”, Celitinho questiona.
“Senador, nós precisamos de todos o tipo de ajuda e muito do que nós temos hoje é de ajuda humanitária dos estados”, responde o parlamentar gaúcho.
Doações da população de todo o país, arrecadadas através de campanha Oficial dos Correios, para vítimas da tragédia no Rio Grande do Sul (RS) continuam paradas em galpões dos Correios.
Em junho, dia 26/6, portal Mais Brasília veiculou uma reportagem em expôs a denúncia de que as centenas de doações para as vítimas do Rio Grande do Sul estavam paradas nos galpões dos Correios. (Veja aqui – Sem conseguir escoar mercadoria, Correios mantêm doações para o RS paradas em SP; carga de Cajamar equivale a mil caminhões)
À época, a informação foi revelada ao portal Mais Brasília (MB) por delegados sindicais, membros da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares de São Paulo (Sintect-SP). Para se ter uma ideia, naquele momento, se a estatal resolvesse escoar toda a doação armazenada somente na Unidade de Tratamento de Cajamar, seria necessário algo em torno de mil e duzentos caminhões para transportar a carga ao Rio Grande do Sul.
“O Cajamar está lotado. Dá umas 1.200 carretas. Tem que instigar a população e os políticos para visitar o centro de Indaiatuba e Cajamar. E isso só representa 3% do que tem de carga parada nos centros operacionais dos Correios”, disse fonte do MB.
“A maior parte das doações está parada. Nos Correios, nossos galpões têm 12 metros de altura. Quem não conhece nossa logística pensa que galpão consegue armazenar, mas não consegue porque nossa logística não é para armazenamento e sim para transporte, as mercadorias não podem ficar paradas. Com as doações, será mais prejuízo, porque não temos caminhões nem condições operacionais para escoar essa quantidade de doações. A empresa está contratando caminhões e galpões de maneira emergencial, sem licitação. E mesmo assim não é o suficiente porque não temos dinheiro para contratação de tantos caminhões. São Paulo inteira está lotada de doações, tem comida estragando”, informa fonte do MB. “Se não tem condições de guardar, porque continuar essa campanha?”, questiona.
À época, a estatal foi questionada, mas os Correios não retornaram à reportagem do MB.