Sem máscaras, milhares lotam as praias de Guarujá neste domingo
Primeiro final de semana com flexibilização e calor atrai turistas; infectologista aponta o perigo
Milhares de pessoas, a maioria sem máscara de proteção, lotaram as praias de Guarujá (86 km de SP), entre o fim da manhã e a tarde deste domingo (22/8), primeiro em que passou a vigorar maior flexibilização dos protocolos contra a Covid-19 no estado de São Paulo.
O uso de máscaras, porém, continua obrigatório, incluindo em áreas abertas, pelo menos até 31 de dezembro, segundo o governador João Doria (PSDB).
“Qualquer situação de aglomeração, em períodos que a Covid-19 circula, incluindo variantes como a delta [mais transmissível] circulando em alguns lugares do mundo, incluindo o Brasil, e em cada estado, é problemático [para ficar sem máscara]”, afirmou na tarde deste domingo ao Agora a infectologista Sylvia Lemos.
Membro da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), a especialista acrescentou que não somente as praias, “mas qualquer lugar”, como bares, já registram aumento na frequência de clientes, possibilitando eventuais contaminações pelo vírus.
“Estamos em um período [da pandemia] em que ainda não existem seguranças. Mas o que fazer? As pessoas estão achando que podem fazer qualquer coisa, que [em alguns casos] estão vacinadas e isso é suficiente [para elas], que não querem mais as medidas restritivas, viver limitações”, pontuou.
Por volta das 12h50 deste domingo, dezenas de pessoas, praticamente todas sem máscaras de proteção, contemplavam a faixa de areia de Guarujá, do mirante Morro da Campina.
Do local era possível constatar a presença de milhares de pessoas na faixa de areia, tomada por guarda-sóis. Exceção entre as pessoas sem máscara, e sentadas em uma distância segura, com boca e narizes devidamente cobertos, a enfermeira Tarsila Mota, 31, e a professora Thaís Moreto, 32, amigas de longa data, aproveitavam o domingo quente e com céu aberto para por o papo em dia.
“Mas confesso que hoje [domingo] o movimento de turistas na rua está parecendo de antes da pandemia”, afirmou a professora, residente de Guarujá. A enfermeira, natural da mesma cidade do litoral, mora atualmente na capital paulista, de onde partiu na sexta para passar o fim de semana com os pais.
“Mas senti muita diferença no número de pessoas e de carros de gente de fora da cidade. Aumentou bastante”, destacou.
Somente em uma quadra da avenida Abílio dos Santos Branco, a reportagem verificou veículos oriundos do interior paulista, como Campinas, Limeira, Jaú e Vargem Grande Paulista, além do Paraguai, da Grande São Paulo e, não poderia faltar, da capital paulista.
Quando um termômetro portátil usado pela reportagem marcava 28ºC, as amigas Liliane da Souza, 22, e Júlia Pelegrini, 24, estacionavam o carro ocupado por elas, perto da praia Pitangueiras, por volta das 13h30. Ambas moram na capital, de onde partiram para um clássico bate e volta.
“Fazia um tempo que não vínhamos aqui. A última vez foi em janeiro deste ano. Estava tudo bem vazio. Na boa, circulando pelas ruas [de Guarujá], tem tanta gente sem máscara que nem está parecendo pandemia”, afirmou Júlia, que da mesma forma que a amiga, não usava o item de proteção.
“Estamos sem máscara pois estávamos dentro do carro. Assim que nos aproximarmos das outras pessoas, vamos colocar as máscaras”, afirmou Liliane.
O fluxo de pessoas e veículos foi tão grande que o olhador de carros Marco Antônio da Silva Santos, 18 anos, resolver ir trabalhar neste domingo na região do bairro Jardim Praiano.
“Hoje [domingo] é a primeira vez que vejo o número de pessoas igual o de antes da pandemia, na rua”, disse, mantendo sua máscara de proteção no queixo.
Ele acrescentou que, até por volta das 14h deste domingo, quando conversou com a reportagem, cuidava de 53 carros. “Os turistas tão voltando com tudo. Espero que isso não faça vir uma onda nova da covid”, afirmou.
Na orla, praticamente todos os ciclistas e corredores de fim de semana, além de caminhantes, ajudavam a compor, com as pessoas da faixa de areia, a falsa sensação de segurança sanitária – pois raros foram os casos de gente usando máscara.
Nenhuma equipe de fiscalização foi avistada pela reportagem.
Resposta A Prefeitura de Guarujá lamenta a falta de conscientização da população sobre a importância do uso de proteção para evitar o contágio de Covid-19. Nos últimos meses, o Município realizou diversas ações para incentivar o uso, contando com distribuição de máscaras em locais pontuais e ampla divulgação em seus canais oficiais, mesmo após o início da vacinação.
Neste final de semana, a fiscalização de comércio percorreu as principais praias da Cidade para verificar o uso de proteção facial por parte dos ambulantes. Nenhuma irregularidade foi constatada.
Em Guarujá, o uso de máscara é obrigatório em ambientes de uso compartilhado como o transporte público ou privado de passageiros; estabelecimentos comerciais e repartições públicas.
O desacato, inclusive, pode acarretar não só na proibição de ingresso ou permanência nos locais, como também sujeitar o infrator às sanções previstas nos códigos 268 e 330 do Código Penal, que preveem detenção de 15 dias a um ano.
Por Alfredo Henrique