Saiba quais vacinas devem estar em dia na caderneta de imunização de adultos e idosos

Além da gripe e da Covid-19, outras doenças podem ser evitadas com o cumprimento do calendário vacinal na vida adulta

Em tempos de pandemia, onde a todo momento é falada a importância da vacinação, vale lembrar que muitas doenças foram erradicadas ou deixaram de ser um problema de saúde pública por causa da vacinação em massa da população. Mesmo com maior número de vacinas durante a infância, o calendário vacinal deve estar em dia também na fase adulta para evitar o desenvolvimento de doenças mais comuns, como gripes, ou até mais graves, como cânceres.

A vacina contra o influenza, vírus que causa a gripe, deve ser tomada uma vez por ano na vida adulta. Geralmente entre abril e julho, a vacina é oferecida gratuitamente na rede pública para adultos do grupo de risco, professores, profissionais da saúde e idosos.

Outra vacina do calendário que não pode ser esquecida é a chamada dupla adulto (dT), que protege contra difteria e tétano e conta com um reforço a cada dez anos. A orientação é que a primeira dose seja tomada na adolescência, a partir de 15 anos de idade, e as doses de reforço aconteçam de década em década.
“Hoje, nas clínicas privadas, há a recomendação de fazer um desses reforços com a vacina que é contra difteria, tétano e coqueluche também [tríplice bacteriana]”, explica Max Igor Banks Ferreira Lopes, infectologista do Hospital Santa Catarina.

O médico também reforça a importância de que o adulto reponha lacunas de vacinação da infância. Para a vacina da tríplice viral -contra sarampo, caxumba e rubéola- são necessárias duas doses, que são garantidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) até os 29 anos.

A vacinação contra a febre amarela deve ser realizada, caso não tenha sido, em uma dose única que é oferecida pelo SUS. O mesmo vale para as vacinas contra hepatite A e B. As três doses contra hepatite B estão na rede pública, enquanto as duas contra o tipo A são restritas à rede particular.

“Existe uma vacina combinada para hepatite A e B também. Hoje, a vacinação para hepatite B é de indicação universal no país, disponível no SUS e, muito provavelmente, qualquer um com mais de 30 anos não tomou na infância. Entre 20 e 30 anos, algumas também não devem ter tomado”, diz o infectologista do Santa Catarina.

A imunização contra HPV é , do mesmo modo que as anteriores, importante na vida adulta. Apesar de fazer parte do calendário vacinal de crianças e adolescentes, a vacina pode ser encontrada na rede privada e previne o câncer de colo do útero, da vulva, da vagina, do ânus e verrugas genitais.

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomenda a vacinação de mulheres de 9 a 45 anos de idade e homens de 9 a 26 anos, o mais precocemente possível. Homens e mulheres em idades fora dessa faixa também podem ser beneficiados com a vacinação, de acordo com critério médico. “Para pessoas que já foram infectadas pelo vírus HPV, fica indicado também o uso da vacinação para prevenção de formas graves do HPV”, complementa Raquel Muarrek, infectologista da Rede D’Or.

Por último, as vacinas meningocócicas (ACWY e B) são recomendadas para adultos em algumas situações específicas, a depender do risco epidemiológico e individual. É importante checar a necessidade com um médico, já que as doses são restritas à rede privada.

Para saber se seu calendário vacinal está em dia, no caso de ter perdido a caderneta ou não se lembrar das doses tomadas, postos de saúde e médicos especialistas podem ajudar. “Algumas vacinas, do Plano Nacional de Imunização, têm seu registro nos postos de saúde“, explica Muarrek.

Segundo a infectologista, no caso de vacinas oferecidas por clínicas privadas, é possível realizar uma avaliação médica com exames sorológicos para verificar o quanto de imunidade a pessoa tem e readequar a carteira vacinal.

Dentre as vacinas de rotina indicadas pela Socidade Brasileira de Imunizações (SBIm) para maiores de 60 anos, estão algumas doses recomendadas para adultos, como a dupla adulto a cada dez anos e a gripe anualmente. Além dessas, se destacam também as vacinas antipneumocócicas e da herpes zóster.

Segundo a SBIm, existe um risco aumentado de formas graves e óbito por influenza a partir de 60 anos de idade, o que faz com que a vacina da gripe seja ainda mais importante de ser tomada todo ano nessa faixa etária.

A proteção contra pneumonia também é essencial. “Existem duas vacinas pneumocócicas, uma que chamamos de conjugada [VPC13] e outra polissacarídica [VPP23]. A partir dos 60 anos, está prevista a polissacarídica na rede pública, mas existe um esquema combinando a conjugada e ela”, explica Max Igor Banks Ferreira Lopes, infectologista do Hospital Santa Catarina.

A recomendação citada pelo médico e divulgada pela SBIm é da realização da primeira dose da vacina conjugada aos 60 anos, seguida pela primeira dose da pneumocócica polissacarídica após seis meses e um reforço da VPP23 após cinco anos.

Além destas, a vacina contra herpes zóster, infecção causada pelo mesmo vírus da catapora, também é indicada na faixa etária. A dose única é recomendada mesmo para aqueles que já desenvolveram a doença, mas não é oferecida no Sistema Único de Saúde (SUS), apenas em clínicas privadas.

Saiba mais

Caderneta de vacinação entre 20 e 59 anos


Influenza (gripe):

Recomendação: tomar uma vez por ano
Disponível na rede pública: sim (para grupo de risco, gestantes, trabalhadores da saúde e professores)
Observação: há dois tipos de vacina, trivalente e quadrivalente. A quadrivalente traz proteção a um tipo extra de vírus da gripe e só está disponível na rede particular.

Dupla adulto (difteria e tétano) ou tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche):
Recomendação: tomar reforço a cada dez anos após primeira dose feita geralmente aos 15 anos
Disponível na rede pública: sim
Observação: caso não tenha tomado a primeira dose entre 15 e 20 anos, o adulto deve buscar se imunizar e, depois, seguir o reforço a cada dez anos.

Meningocócicas ACWY e B (meningite):
Recomendação: tomar uma dose da ACWY e duas doses da B
Disponível na rede pública: não, apenas privada
Observação: as vacinas fazem parte do calendário infantil, mas, por terem sido adicionadas recentemente e restritas à rede particular, muitos adultos não tomaram quando crianças

HPV:
Recomendação: tomar as três doses em qualquer idade adulta, caso não tenha tomado na adolescência
Disponível na rede pública: não, apenas privada
Observação: vacina recomendada mesmo para adultos previamente infectados pelo vírus HPV

Caderneta de vacinação para maiores de 60 anos


Influenza (gripe):

Recomendação: tomar uma vez por ano
Disponível na rede pública: sim
Observação: há dois tipos de vacina, trivalente e quadrivalente. A quadrivalente traz proteção a um tipo extra de vírus da gripe e só está disponível na rede particular.

Herpes zóster:
Recomendação: dose única após os 60 anos
Disponível na rede pública: não, apenas privada
Observação: vacina recomendada mesmo para aqueles que já desenvolveram a doença

Pneumocócica (pneumonia – VPP23):
Recomendação: primeira dose ao completar 60 anos e reforço após cinco anos
Disponível na rede pública: sim
Observação: Há outra vacina pneumocócica chamada de conjugada (VPC13), que não está disponível na rede pública, mas pode ser tomada a partir dos 60 anos em um esquema combinado com a VPP23

Vacinas que também devem ser tomadas se o adulto não as recebeu na infância:

Febre amarela
Hepatite A e B
Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
Varicela (catapora)*

*Buscar um médico antes de se vacinar para verificar se é necessária a imunização

Caso não se recorde se tomou certa vacina ou perdeu a caderneta de vacinação, veja o que deve fazer:

Se for uma vacina tomada na rede pública, busque um posto de saúde para verificar os registros no sistema e receber orientações. No caso da rede privada, busque um médico infectologista ou imunologista para fazer uma avaliação médica e exames de sorologia para a readequação da carteira vacinal.

Fontes: Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm); Max Igor Banks Ferreira Lopes, infectologista do Hospital Santa Catarina; e Raquel Muarrek, infectologista da Rede D’Or.

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