Queiroga sinaliza que não deve distribuir autoteste de Covid no SUS
Segundo a nota do Ministério da Saúde, a autotestagem é uma estratégia adicional para prevenir
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, voltou a sinalizar nesta sexta-feira (14) que o governo Jair Bolsonaro (PL) não pretende distribuir autotestes para detectar a Covid-19 pelo SUS.
“O Brasil é um país muito heterogêneo, de muitos contrastes. A alocação deste recurso para aquisição de autoteste, distribuir para a população em geral, pode não ter resultado da política pública que nós esperamos”, disse o ministro à imprensa.
Pressionada pela alta procura por exames causada pelo avanço da variante ômicron, o ministério pediu na quinta-feira (13) para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) regulamentar o produto já utilizado há meses em diversos países.
Esse tipo de teste não é autorizado no país por causa de uma resolução da Anvisa de 2015. Pela regra, o ministério precisa propor uma política pública para liberar a entrega dos exames ao público leigo.
A testagem no Brasil está centrada em clínicas, farmácias e serviços públicos, que não estão conseguindo atender à demanda diante da circulação da variante ômicron.
Segundo a nota do Ministério da Saúde, a autotestagem é uma estratégia adicional para prevenir e interromper a cadeia de transmissão da Covid-19, juntamente com a vacinação, o uso de máscaras e o distanciamento social.
“É assunto pacificado a necessidade de disponibilizar novos testes nas farmácias”, disse Queiroga ainda nesta sexta-feira (14).
Para liberar a comercialização do produto, a diretoria colegiada da Anvisa terá de aprovar uma resolução. A agência ainda não sinalizou quando irá votar este texto.
O ministro também afirmou que o governo federal já entrega exames aos estados e municípios. A pasta tem apostado nos testes de antígeno, considerados rápidos e precisos. A promessa de Queiroga é enviar cerca de 30 milhões de unidades neste mês.
Queiroga também disse que irá se reunir nesta sexta-feira (14) com secretários de saúde locais para discutir o avanço da ômicron. “A expectativa é que, como em outros países, não exista pressão tão grande no atendimento hospitalar [causada pela variante]”, disse o ministro.
Na quarta-feira (12), o Conass, conselho que representa os secretários estaduais, pediu que Queiroga reconheça a nova onda da Covid e apoie medidas como a ampliação da testagem e da cobertura vacinal.
Também cobrou campanha para estimular a vacinação de crianças, um assunto sensível no governo federal, pois Bolsonaro distorce dados e desestimula a imunização dos mais jovens.
O Brasil recebeu o primeiro lote com 1,2 milhão de doses pediátricas da Pfizer na quinta-feira (13). O segundo, no mesmo volume, será entregue no domingo (16), anunciou o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, no Twitter. A expectativa é receber mais 1,8 milhão de doses no dia 27.
Até o fim do trimestre o governo planeja ter 20 milhões de vacinas destinadas ao grupo de 5 a 11 anos.
O ministro Queiroga também disse nesta sexta-feira (14) que o autoteste pode auxiliar a desafogar as unidades de saúde. “Muita gente que procura a UBS não está positivo [infectado]. Aquilo pressiona. Com essa possibilidade, não só amplia o diagnóstico, como diminui a pressão”, afirmou.
Na nota técnica envidada à Anvisa, o ministério orienta que pacientes que detectaram a infecção pelo autoteste procurem atendimento em unidade de saúde ou teleatendimento para confirmar o diagnóstico e receber orientações.
“O objetivo maior é a ampliação do acesso da população a fim de identificar as pessoas contaminadas, orientar o isolamento e assim reduzir a disseminação do vírus Sars-Cov-2 e a pandemia”, afirma a Saúde.
Entidades científicas cobraram nesta terça (11) uma política de testagem mais ampla e a permissão do exame em casa. A procura pelos testes disparou com o avanço da contaminação na virada do ano.
Em nota divulgada nesta quarta (12), a Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica) alertou para risco de falta insumos necessários nos exames da Covid-19. A entidade recomendou priorização de exames a pacientes “segundo uma escala de gravidade”.
Por Mateus Vargas