Queda no preço do etanol nas usinas começa a chegar nas bombas
Movimento reflete repasse da redução de cotações nas usinas de São Paulo
O preço do etanol hidratado caiu 2,9% nos postos brasileiros nesta semana, em resposta à queda das cotações do combustível nas usinas de São Paulo. Com o etanol anidro também mais barato, o preço da gasolina caiu pela terceira semana seguida, mas com intensidade menor.
Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), o litro do etanol hidratado foi vendido no país, em média, a R$ 4,794 esta semana. Em um mês a queda acumulada no preço de bomba do combustível é de 5,1%.
O movimento reflete o repasse, ainda que tardio, da redução das cotações nas usinas de São Paulo. Desde novembro, quando a curva de queda foi iniciada, o produto ficou 22% mais barato para as distribuidoras de combustíveis.
No mercado, há críticas com a velocidade dos repasses diante da expressiva queda no preço de venda das usinas, resultado da queda na demanda pelo combustível.
“A queda no preço ao produtor, que deveria estar beneficiando os consumidores finais que tem acesso ao produto nas bombas de abastecimento, não vem sendo transmitida na mesma intensidade e rapidez, como seria esperado ocorrer”, disse Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro.
“A evolução de preços nos últimos três meses indica que, enquanto o preço do etanol hidratado ao produtor caiu mais de R$ 1 por litro em São Paulo, no mesmo período o preço ao consumidor caiu apenas cerca de R$ 0,44 por litro.”
A consultoria S&P Global Platts acredita que, com o aumento na diferença entre o preço do etanol e da gasolina, o consumidor brasileiro deve começar a optar pelo biocombustível, o que pode voltar a pressionar os preços antes do início da safra.
Com o etanol anidro mais barato, a gasolina caiu 0,3% esta semana, para um preço médio de R$ 6,617 por litro. Em um mês, a queda acumulada é de 0,27%. O biocombustível representa 27% da gasolina vendida nos postos brasileiros.
O preço do diesel permaneceu estável, em R$ 5,589 por litro. O último reajuste da gasolina e do diesel nas refinarias da Petrobras ocorreu no dia 11 de janeiro.
As distribuidoras de combustíveis, porém, alertam para o risco de pressão tanto sobre o diesel quanto sobre a gasolina da disparada das cotações dos Cbios, os certificados de carbonização do setor.
Os títulos ultrapassaram esta semana a barreira dos R$ 80, mais do que o dobro da média de 2021 e, segundo empresas do setor, o repasse às bombas do aumento de custo de aquisição dos certificados é inevitável.
Segundo a ANP, o preço do GNV (gás natural veicular) segue em alta, com repasses do aumento dos preços do combustível após o fim de parcela expressiva dos contratos da Petrobras com as distribuidoras de gás encanado.
Esta semana, o GNV foi vendido no país, em média, a R$ 4,542 por metro cúbico, alta de 1,9% em um mês. A tendência é que a elevação se intensifique nas próximas semanas, após a autorização de reajuste nos preços do Rio, o maior consumidor.
A partir deste sábado (13), as distribuidoras que atendem o estado aplicarão reajustes de 2% a 13% em suas tarifas, dependendo da classe de consumo. O GNV, com impostos, vai subir 13,3%, em média.
Os reajustes foram autorizados pela Agenersa (Agência Reguladora de Energia e Saneamento do Estado do Rio de Janeiro) na quinta (10), considerando que os novos contratos tiveram um impacto de 16% sobre o custo das distribuidoras com a compra do gás.
Por Nicola Pamplona