Quase triplicam casos de estelionato registrados no Brasil
SP lidera o ranking das unidades federativas com mais registros. Em 2021, foram 382.110 ocorrências contra 289.570 no ano anterior
Os casos de estelionato registrados no Brasil quase triplicaram nos últimos quatro anos, conforme levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Somente no ano passado, foram 1.265.073 ocorrências. Em 2018, somavam 426.799.
É a primeira vez que o anuário traz dados acerca desse tipo de crime.
São Paulo lidera o ranking das unidades federativas com mais registros no período. Em 2021, foram 382.110 ocorrências contra 289.570 no ano anterior, alta de 32%.
Entre os estados com mais registros no ano passado ainda aparecem Paraná (113.420 casos e aumento de 63% em relação ao ano anterior), Minas Gerais (112.899 ocorrências e alta de 22%), e Rio Grande do Sul (90.007 registros e crescimento de 37%).
De acordo com o anuário, não houve nenhum estado brasileiro com recuo na quantidade de casos no ano passado em relação a 2020.
Apenas o Maranhão não divulgou dados relativos a 2018 e a 2019.
O estelionato em meio eletrônico, que passou a ter punições mais severas em maio do ano passado, também cresceu nos últimos quatros anos, segundo os dados do anuário.
De 2020 para 2021, o crescimento foi de 74%. Apenas 13 estados encaminharam dados relativos aos dois anos. A quantidade é ainda menor entre aqueles que encaminharam números de ocorrências desde 2018 (nove estados mais o Distrito Federal).
Minas Gerais, Distrito Federal e Santa Catarina foram as unidades federativas com mais registros no ano passado. Juntas, contabilizaram 45.568 ocorrências.
De acordo com os responsáveis pelo levantamento, a digitalização das finanças, de serviços e do comércio, especialmente impulsionada durante o período pandêmico, contribui para a formação de um ambiente propício ao desenvolvimento de modalidades criminosas que exploram vulnerabilidades nesses segmentos.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública cita o Pix como um dos exemplos. “Esse processo tem associado as modalidades de roubos e furtos de celulares aos crimes de estelionato e, mais especificamente do estelionato digital, nos quais a vítima é induzida a realizar transferências, ou ainda, quando da subtração do celular com acesso a aplicativos bancários, tem quantias retiradas de sua conta bancária”, diz trecho do documento divulgado pela organização.
Cerca de 3,7 milhões de celulares foram roubados ou furtados no Brasil nos quatro anos referentes à pesquisa, ainda conforme os dados do anuário.
Para o especialista em segurança pública e associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Rafael Alcadipani, o crescimento nos casos de golpes pode estar ligado à migração de bandidos que antes praticavam roubo e passaram a praticar o crime de estelionato.
“O criminoso sempre vai buscar o maior lucro com o menor risco. O estelionato é um crime que depende de representação, a pessoa tem que ir lá [delegacia] e decidir que quer denunciar a pessoa. As penas não são tão altas quanto, por exemplo, de um roubo ou um furto”, explicou.
Alcadipani acrescentou que o estelionato eletrônico é um crime que pode render até mais que roubos a caixas eletrônicos, que demandam planejamento, recursos e armas, além de um risco maior de prisão ou até morte em confronto.
O especialista citou já ter ouvido relatos de casos em que os golpistas tentam aplicar golpes em mais de mil telefones por minuto. “Se eles tentam essa quantidade de telefones, se eles conseguirem um a cada duas horas e, conseguir tirar R$ 50 mil, já valeu muito a pena o investimento que ele fez”, acrescentou.
Por Paulo Eduardo Dias