Polícia indicia mulher acusada de racismo contra miss em concurso
FolhaPress

Polícia indicia mulher acusada de racismo contra miss em concurso de beleza

Maíza Teresa de Oliveira, 19 anos, foi vencedora de um concurso na cidade de Santo Antônio do Amparo (MG) e chegou a ser criticada pela sua cor

Miss de concurso de beleza sofre racismo
Foto: Reprodução

A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu o inquérito a respeito das investigações de um caso de racismo ocorrido após um concurso de beleza na cidade de Santo Antônio do Amparo (MG). Uma mulher foi indiciada pelo crime.

No último dia 12 de junho, a modelo Maíza Teresa de Oliveira, 19, vencedora de um concurso de beleza na cidade, foi criticada por conta de sua cor de pele em um áudio.

A acusada, cujo nome é Nair Amélia Avelar Rodrigues, prestou esclarecimentos e confessou a autoria do áudio preconceituoso. Porém, ela negou o intuito de ofender ou magoar a modelo. De acordo com a Polícia Civil, a mulher disse que sua intenção era discutir a política de cotas em um grupo familiar em um aplicativo de mensagens.

O inquérito policial foi encaminhado ao Ministério Público. O crime previsto no artigo 20 da Lei 7.716/89 é inafiançável, imprescritível e o tempo de prisão pode chegar a cinco anos.

Relembre o caso

Uma mulher identificada como Nair Amélia Avelar Rodrigues criticou a escolha de Oliveira para o título de Rainha da Cidade. “Os pretos é que estão mandando em tudo mesmo. É cota na escola, é cota aqui, é cota ali… E os brancos tão levando tinta”, disse em áudio.

“Da próxima vez, nós temos que pular num tanque de creolina e sair tudo pretinha, aí pode se candidatar a qualquer coisa que ganha”, continuou ela no áudio que teria sido compartilhado por um aplicativo de mensagens.

Em seu discurso, ao ganhar o concurso, Oliveira contou que já foi “muito zoada pela minha aparência, já fui muito zoada pela minha forma de ser e de falar”. A jovem também afirma que ganhar o troféu “é uma conquista muito grande para mim e para vocês, meninas que sentem medo, se sentem inseguras”.

Organizador do concurso, Vinícius Alves Isídio, diretor de Esporte, Cultura e Turismo da Prefeitura de Santo Antônio do Amparo, afirma que já vinha recebendo críticas por mudar o formato da competição de beleza.

“Antes era um concurso para a elite da cidade. Este ano nós chamamos candidatas de todas as classes sociais, chamamos negras, trans, altas, baixas. Buscamos fazer inclusão”, disse.

Santo Antônio Amparo fica na região sul de Minas, às margens da BR-381, a 190 quilômetros de Belo Horizonte. O município reúne grandes fazendas produtoras principalmente de café.

Isídio afirma que a vitória de uma negra na competição coroou todo o trabalho feito para transformar o concurso em uma atração que envolvesse toda a comunidade. Sobre a atitude racista, afirmou: “ninguém esperava isso”.