Polícia indicia suspeita de envenenar enteados no Rio
O resultado da exumação do corpo de Fernanda foi divulgado pela polícia na segunda-feira (4)
A Polícia Civil do Rio de Janeiro indiciou nesta quinta-feira (7/7) Cíntia Mariano Dias Cabral sob suspeita de homicídio consumado por envenenamento da enteada Fernanda Carvalho, 22, e de tentativa de homicídio de outro enteado, Bruno Cabral, 16.
O resultado da exumação do corpo de Fernanda foi divulgado pela polícia na segunda-feira (4). O laudo apontou a presença de chumbinho no corpo. Cíntia está em prisão temporária desde maio.
O advogado de Cíntia, Carlos Augusto Santos, disse que ainda vai avaliar todos os laudos e afirma que há um “malabarismo pericial” na investigação.
“A defesa entende que houve um malabarismo da perícia para comprovar o crime. Os primeiros laudos dos médicos disseram que não havia intoxicação. Como isso pode ser comprovado agora? A polícia não pode pegar um prontuário e dar um palpite. Mesmo com a exumação, nós vamos avaliar”, declarou.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Flávio Rodrigues, Cíntia apresentou um perfil ciumento e possessivo e chegou a simular uma tentativa de suicídio dias antes de ser presa.
“Ela foi ao Hospital Albert Schweitzer dias depois de ter dado depoimento, com suspeita de intoxicação. Mas os exames não atestaram nenhum tipo de substância e ela foi liberada em menos de 24 horas após a entrada. O que seria impossível se ela estivesse realmente com algum de substância”, disse.
Se condenada por homicídio consumado e tentativa de homicídio, ela pode pegar pelo menos 20 anos de prisão.
De acordo com o delegado, a suspeita tentou esconder provas de que teria envenenado os enteados. Ela fez pesquisas no telefone sobre como apagar mensagens no aplicativo WhatsApp, o que, para o delegado, confirma o depoimento do filho de Cíntia, Lucas.
Ele disse à polícia que a mãe havia confessado o crime a ele. Nas mensagens encontradas, há um diálogo do filho pedindo que ela assumisse a responsabilidade pelo crime.
“O depoimento dos filhos de Cíntia, Lucas e Carla, também foram contundentes. E o jovem fala isso nos autos, contra a própria mãe. Ele também fala que ela teria envenenado um outro enteado com querosene”, disse o delegado.
A investigação policial, que durou dois meses, considerou depoimentos, provas técnicas com exames médicos e os laudos, além da análise do telefone celular.
Cíntia Mariano está presa desde 20 de maio. A suspeita de que Fernanda Cabral teria sido morta por envenenamento foi levantada pela mãe da jovem após o filho de 16 anos voltar da casa da madrasta passando mal, em 15 de maio.
O adolescente apresentava os mesmos sintomas que levaram Fernanda a ser internada, em 15 de março. Ela sentia dores no peito, dor de cabeça, língua e boca dormentes e passou 12 dias hospitalizada até a morte por infecção generalizada.
Na época, a morte não gerou questionamentos e o corpo foi sepultado sem suspeita.
O adolescente de 16 anos se sentiu mal após participar de um almoço na casa do pai. Ele diz ter encontrado pequenas bolas azuis no feijão servido pela madrasta, mas, mesmo após retirar as substâncias estranhas do prato, precisou ser internado.
O hospital diagnosticou uma intoxicação exógena e alertou a Polícia Civil. No exame de corpo de delito do adolescente, a suspeita registrada é de envenenamento.
Após o alerta, houve uma busca na casa da madrasta e do pai deles, onde foi encontrado um pacote de veneno contra ratos, conhecido como “chumbinho”.
Por Mariana Moreira