PMs derrubam e imobilizam mulher com bebê no colo em Itabira (MG)

Vídeos sobre o caso provocaram protestos nas redes sociais; polícia diz que a queda foi 'controlada'

Dois policiais militares de Itabira, no interior de Minas Gerais, abordaram com violência uma mulher com um bebê no colo na noite desta sexta-feira (5/11), no centro da cidade. A mulher, que não teve o nome divulgado, foi derrubada e imobilizada com o joelho de um dos PMs no pescoço, apesar de segurar o bebê.

Além do bebê, outra criança, um menino que aparenta ter seis ou sete anos, foi separado da mulher na hora da abordagem e entrou em desespero ao presenciar a cena. Ele gritou e tentou defendê-la, mas foi afastado pelos policiais e acolhido por testemunhas.

Várias pessoas que estavam nas proximidades tentaram interferir e uma delas pegou o bebê para protegê-lo quando a mulher já estava deitada no chão e com o joelho do policial em seu pescoço. Após ser algemada, ela foi levada pelos policiais para uma viatura.

Nas redes sociais, vídeos que mostram a abordagem foram compartilhados e motivaram comparações com o caso de George Floyd, homem negro morto aos 46 anos no dia 25 de maio de 2020 após ser algemado e ter o pescoço prensado contra o chão por um policial em Minnesota (EUA).

Entre as pessoas que se manifestaram após os vídeos circularem nas redes sociais está o prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage (PSB).

“Com a responsabilidade de prefeito, manifesto minha repulsa diante das imagens de uma abordagem policial ocorrida no início da noite em Itabira”, disse. “As lamentáveis cenas precisam ser apuradas com rapidez e rigor. Este não é o procedimento padrão das nossas escolas militares e do Comando Geral da Corporação”.

Para Lage, a PM precisa ser parceira da comunidade e saber com situações limites. “Especialmente em se tratando de ocorrências envolvendo mulheres e crianças”, afirmou.

Em nota, a Polícia Militar de Minas Gerais informou que prendeu um casal no início da noite de sexta por porte ilegal de arma de fogo e munições.

“Durante a abordagem foram apreendidas quatro munições calibre .32 com o homem. Para impedir a apreensão da arma de fogo que estava consigo, a mulher se agarrou a uma criança, usando-a como escudo humano e se recusando a largá-la”, diz a nota.

Segundo a PM, a mulher foi projetada ao solo e imobilizada, numa queda controlada. A informação oficial é que a criança que estava no colo não sofreu nenhuma lesão.

“Além da arma de fogo e das munições, uma touca ninja também foi apreendida com o casal”, afirma a polícia.

Outros casos

Em setembro, a Justiça determinou que um cabo da Polícia Militar de São Paulo fosse solto, após quase dois meses de prisão preventiva, juntamente com a de outros dois PMs suspeitos de matar dois jovens, em 9 de junho, na zona sul da capital paulista. A decisão foi publicada pela juíza Letícia de Assis Bruning, do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo).

Em agosto deste ano, sete policiais militares de Santo André (ABC) foram afastados das funções após o comando da Polícia Militar ter acesso a vídeos de uma abordagem violenta realizada por eles no bairro Sacadura Cabral, durante a madrugada.

Também na capital paulista, o soldado da Policia Militar Felipe do Nascimento, que ameaçou outro PM com uma arma, em dezembro do ano passado, teve sua pena reduzida de seis para quatro anos na última terça-feira (26) pelo Tribunal de Justiça Militar de São Paulo.

Por Cristina Camargo

 

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