PF investiga organização criminosa especializada em defensivos agrícolas ilegais – Mais Brasília
Do Mais Brasília

PF investiga organização criminosa especializada em defensivos agrícolas ilegais

A quadrilha fica estabelecida em Santa Terezinha de Itaipu, no Paraná

Operação da PF
Foto: Divulgação/PF

A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta terça-feira (31/8), a Operação Ruta Negra, para desarticular organização criminosa especializada na importação, comercialização e transporte criminosos de defensivos agrícolas ilegais. A quadrilha fica estabelecida em Santa Terezinha de Itaipu, no Paraná.

Na ação, mais de 80 policiais federais cumpriram 20 mandados de busca e apreensão, um de prisão preventiva e dois de prisão temporária, nas cidades de Santa Terezinha de Itaipu, Foz do Iguaçu, São Miguel do Iguaçu, Medianeira, Ubiratã, Irati e Lucas do Rio Verde.

A investigação teve início em fevereiro de 2019, a partir de apreensões de cargas ilegais de agrotóxicos vindas do Paraguai. Os policiais constataram que os criminosos estariam relacionados com, ao menos, 10 prisões em flagrante por importação e transporte de agrotóxicos ilegais, receptação qualificada de veículos furtados ou roubados e adulteração de placas, ocorridas em Foz do Iguaçu, Santa Terezinha do Itaipu, Corbélia, Céu Azul e São Miguel do Iguaçu.

Nessas ocorrências, foram apreendidas aproximadamente 1,8 toneladas de agrotóxicos ilegais, no valor de cerca de R$ 3,6 milhões, recuperados três veículos furtados ou roubados e presas 10 pessoas.

Importação clandestina

As investigações revelaram que a organização criminosa atuava pelo menos desde 2015, e supostamente foi responsável pela importação clandestina de dezenas de toneladas de defensivos agrícolas sem registro nos órgãos competentes, a maior parte de origem chinesa. Em média, uma tonelada dos defensivos agrícolas mais comercializados tem valor aproximado de R$ 2 milhões.

“A importação ocorria por meio do lago de Itaipu, em pequenas embarcações, que utilizavam portos clandestinos da região. Em seguida, os agrotóxicos eram armazenados em entrepostos situados em Santa Terezinha de Itaipu e Ubiratã até serem comercializados nos estados do Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Rondônia, Amazonas e Pará”, declarou a PF.

No transporte rodoviário, a organização criminosa atuava em comboio de três a cinco veículos, com constantes fugas das forças policiais e direção agressiva.

Um dos produtos mais importados era o benzoato de emamectina, popularmente conhecido como Benzo, utilizado no combate à Helicoverpa armigera, espécie de lagarta comum nas lavouras brasileiras de soja, milho, feijão e algodão. Em razão de ser muito poluente, o benzoato era absolutamente proibido no Brasil até o ano 2017. Posteriormente, foi liberado seu uso em concentração máxima de até 5%. Durante as investigações, foram realizadas apreensões de benzoato em concentrações de até 6 vezes maiores do que a permitida.

Além da evasão fiscal, pelo não pagamento dos tributos devidos na importação e no comércio dos produtos, os crimes cometidos geraram danos ambientais em diversos estados da federação. Ao longo das investigações, surgiram indícios de que os criminosos receptavam carros roubados ou furtados, adulterando suas placas. Esses veículos eram utilizados para o transporte dos agrotóxicos.

Ajuda

Foto: Divulgação/PF

Para cometer os crimes, o grupo contava ainda com auxílio de funcionário de agência bancária em Foz do Iguaçu para abertura de contas com documentos falsos e para movimentação de dinheiro ilegal obtido pelo grupo. Além da prisão do líder do bando, cuja identidade não foi divulgada pela PF, e de seus dois principais auxiliares, foram apreendidos dinheiro, veículos, embarcações e imóveis.

Os investigados irão responder pelos crimes de importação e transporte de agrotóxicos ilegais, receptação qualificada, adulteração de sinal identificador de veículo, falsificação de documentos e organização criminosa. Se condenados, podem receber penas de até 35 anos de prisão.