PF indicia mais uma vez Vale, Tüv Süd e funcionários por tragédia de Brumadinho
O inquérito agora seguirá para a análise do MPF
A Polícia Federal indiciou a Vale, a empresa de consultoria Tüv Süd e 19 pessoas pelo rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho, na Grande Belo Horizonte, em Minas Gerais, no dia 25 de janeiro de 2019, tragédia que matou 270 pessoas.
A segunda fase das investigações do rompimento da estrutura foi concluída nesta quinta-feira (25), conforme nota divulgada pela PF. Nessa etapa as apurações foram sobre suspeitas de homicídio e crimes ambientais.
As 19 pessoas, que são gerentes, diretores e consultores das duas empresas, foram indiciadas por homicídio com dolo eventual duplamente qualificado pelo emprego de meio que tornou impossível que as vítimas escapassem com vida.
Já a Vale e a Tüv Süd, que fazia a auditoria da barragem, foram indiciadas por crimes ambientais, também imputados pela PF aos 19 gerentes, diretores e consultores das duas companhias.
A primeira etapa da investigação, que envolveu a apuração sobre documentação de declarações de estabilidade da barragem apresentadas à ANM (Agência Nacional de Mineração) e à Feam (Fundação Estadual do Meio Ambiente) foi concluída em 20 de setembro de 2019.
À época foram indiciadas a Vale, a Tüv Süd e 13 funcionários das duas empresas por crime de falsidade ideológica e uso de documentos falsos.
Em nota, a Vale afirma que colaborou continuamente com as investigações da Polícia Federal. “A empresa aguarda ser formalmente cientificada da conclusão do inquérito para a devida manifestação por intermédio de seu advogado, David Rechulski”, diz o texto.
A mineradora afirma que compreende “que as autoridades que presidem investigações são livres na formação de suas próprias convicções, no entanto, reafirma que sempre norteou suas atividades por premissas de segurança e que nunca se evidenciou nenhum cenário que indicasse risco iminente de ruptura da estrutura B1 [a barragem de Brumadinho]”.
“O próprio laudo da Polícia Federal, dentre outros, evidencia e comprova essa conclusão”, diz também a mineradora.
O inquérito seguirá agora para análise do MPF (Ministério Público Federal) em Minas Gerais.
Também procurada pela reportagem, a Tüv Süd disse que não comentaria o indiciamento por não ter tido a oportunidade de avaliar o relatório.
Por Leonardo Augusto