PF descarta participação de homem que se entregou em SP nas mortes de Dom e Bruno
Suspeito havia se entregado voluntariamente à polícia de São Paulo, nesta quinta-feira (23). Ele admitiu participação no crime
A Polícia Federal descartou que Gabriel Pereira Dantas tenha participado dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira, 41, e do jornalista britânico Dom Phillips, 57, no Amazonas.
O suspeito havia se entregado voluntariamente à polícia de São Paulo, nesta quinta-feira (23). Ele admitiu participação no crime e chegou a gravar um vídeo no qual apontava o seu papel nas mortes de Dom e Bruno.
Entretanto, a PF considerou a versão dele “pouco crível” e que não existem indícios de que Gabriel tenha realmente participado dos crimes.
“Ainda na data de ontem [23], referida pessoa [Gabriel Dantas] foi encaminhada à sede da Polícia Federal em São Paulo para ser formalmente ouvida e prestar esclarecimentos sobre os fatos, mas optou por exercer seu direito constitucional de permanecer calado”, diz nota divulgada pela Polícia Federal.
Ainda segundo o texto, “ele permanece em liberdade, tendo em vista que não há indícios de ter participado nos crimes ora em apuração, já que apresentou versão pouco crível e desconexa com os fatos até o momento apurados”.
Ao se entregar para a Polícia Civil na quinta, Gabriel Dantas disse que ajudou a pilotar o barco dos homens que mataram Dom e Bruno.
Dantas negou ter atuado diretamente nos tiros contra eles e na ocultação dos corpos. Depois, Dantas foi encaminhado para a guarda da Polícia Federal, responsável pela apuração do caso, ao lado da polícia do Amazonas.
O indigenista Bruno Pereira foi velado nesta sexta-feira (24) em Paulista, na região metropolitana do Recife. Ele foi morto ao lado do jornalista britânico Dom Phillips no último dia 5, no Vale do Javari (AM). Após o velório, o corpo de Bruno foi cremado em cerimônia reservada à família.
O crime jogou forte pressão sobre o governo Jair Bolsonaro por evidenciar o cenário de criminalidade na Amazônia.
Indígenas de diversas etnias e de diferentes locais do país homenagearam o indigenista.
Integrantes do MPF afirmaram à Folha de S.Paulo que uma das hipóteses investigadas é de que os pescadores ilegais envolvidos no crime sejam financiados ou armados por alguma organização criminosa com atuação na região.
A polícia já constatou que Bruno foi alvejado à queima-roupa. Também identificou que houve troca de tiros a partir do momento em que o indigenista foi atingido pela primeira vez.
Segundo a perícia feita pela PF, armas de caça foram usadas no crime. O indigenista foi alvejado três vezes; o jornalista, uma.
Por Tayguara Ribeiro