Papai Noel mineiro pedala por 82 cidades arrecadando alimentos
Durante 40 dias, Benedito Domingos, 54 anos, percorreu 2.083 Km
Um Papai Noel do sul de Minas Gerais resolveu trocar o tradicional trenó por uma bicicleta. Durante 40 dias, Benedito Domingos, 54, percorreu 82 municípios do interior do estado e de São Paulo arrecadando donativos para famílias carentes. Ao todo, foram percorridos 2.083 Km.
Mesmo após o fim do desafio, em novembro, Domingos e seus parceiros resolveram manter o período de doações -ele espera conseguir arrecadar entre 50 e 70 toneladas até o Natal.
Domingos está completando 30 anos como Papai Noel este ano, e o projeto foi idealizado como uma forma de comemorar a data.
“Por conta da pandemia, nós desenvolvemos esse desafio de pedal, porque era uma forma de visitar muitas pessoas, mas com poucas aglomerações. Em cada cidade que a gente passava fazíamos eventos pequenos, mas a somatória das doações deu um volume bem legal.”
Segundo ele, as ações sociais foram desenvolvidas em parceria com grupos de ciclistas e com as secretarias de assistência social e de esportes das cidades visitadas. A maioria dos municípios apoiou a ideia. Toda a arrecadação dos eventos foi destinada a famílias carentes da própria cidade.
Para que a realização dessa jornada de bicicleta fosse possível, a preparação durou quase um ano. Desde fevereiro, um educador físico, amigo de seu filho, desenvolveu com ele um trabalho de condicionamento para suportar os 40 dias pedalando.O profissional também acompanhou o Papai Noel durante todo o percurso.
“Também tivemos o apoio de uma nutricionista esportiva, que cuidou da alimentação de acordo com as cargas de treino antes do pedal. Durante a viagem ela fez uma modificação na alimentação, para que a gente conseguisse suportar toda essa carga de atividade física”, diz Domingos.
Hoje em dia, Benedito Domingos é o Papai Noel oficial da cidade de São Lourenço, a cerca de 400 km de Belo Horizonte. Mas a primeira vez que ele se vestiu de Noel foi ainda jovem, aos 24 anos.
“Eu estava em casa na tarde do Natal e o vizinho me perguntou se eu poderia vestir a roupa de Papai Noel que ele tinha e entregar o presente das filhas dele. Eu aceitei e gostei da brincadeira. Fui na casa dele, entreguei os presentes das filhas dele, depois aproveitei e entreguei o presente das minhas sobrinhas e dos meus filhos também.”
No ano seguinte, o homem que desempenhava o papel em uma grande loja de departamentos de sua cidade faleceu. Benedito se ofereceu para a função e trabalhou nessa loja por 12 anos.
Há 20 anos ele também atua no projeto Papai Noel dos Correios, interagindo com as crianças e distribuindo os presentes que são doados pela população. “Quando comecei, eu pegava todas as cartinhas, lia, respondia à mão para cada criança que a gente ia entregar o presente. No primeiro ano foram mais de 300 crianças”, diz ele.
Fora do período natalino, Domingos trabalha como técnico de segurança do trabalho. Para ele, atuar como Papai Noel é uma forma de ganhar dinheiro e também levar alegria para a vida das pessoas.
“Desde a infância, essa questão social é muito forte na minha família. A gente desenvolve essas ações sociais em várias ocasiões. Neste ano, principalmente por conta da pandemia, da crise econômica que o país está vivendo, o aumento da pobreza e do desemprego, a gente resolveu organizar essa ação social”, diz Domingos.
Segundo ele, o período natalino deixa as pessoas mais solidárias e dispostas a ajudar o próximo. “É um momento de praticar o bem. Se fosse Natal o ano todo, a gente teria um mundo um pouquinho melhor”, afirma ele.
Por Isac Godinho