Ozempic e outras drogas têm popularidade crescente, mas requerem atenção por 'efeito sanfona' – Mais Brasília
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Ozempic e outras drogas têm popularidade crescente, mas requerem atenção por ‘efeito sanfona’

Edição da newsletter Cuide-se fala sobre os riscos e cuidados ao utilizar medicamentos injetáveis para controle de peso

Foto: Myskin/Adobe Stock

Ozempic, Wegovy, Mounjaro.. você certamente deve ter ouvido falar em alguns desses nomes de medicamentos injetáveis desenvolvidos para tratamento de diabetes e obesidade. Os efeitos na perda de peso são notáveis, reduzindo até 20% do peso corporal em um ano, mas há riscos envolvidos. É sobre o que escrevo nesta edição.

Caneta revolucionária

Originalmente desenvolvido para o combate ao diabetes, o Ozempic, nome comercial da semaglutida 1 miligrama, é eficaz também no tratamento de obesidade, hipertensão e doenças cardiovasculares.

O composto age como um análogo do GLP-1 (peptídeo-1 semelhante ao glucagon), hormônio produzido naturalmente no nosso organismo e que tem relação com a regulação do apetite e da saciedade.

Ele tem papel no metabolismo da glicose que, em níveis elevados, pode levar ao desenvolvimento do diabetes. A perda de peso associada ao uso pode chegar a 17,4%.

Os usuários também afirmam ter melhorado a sua percepção geral de saúde, incluindo saúde cardiovascular.

Diante desses resultados, a Novo Nordisk, fabricante do medicamento, iniciou estudos com a mesma molécula, mas em outra dosagem (2,4 mg) contra a obesidade. A droga, comercializada pelo nome Wegovy foi testada em pacientes que apresentaram redução de até 15% no peso, com uma redução média de 10,2% até quatro anos após o início da pesquisa.

Outra fabricante, a Eli Lilly, tem no mercado duas drogas desenvolvidas com o medicamento tirzepatida, associadas à redução dos riscos com diabetes e obesidade. O Mounjaro, aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no final do ano passado, é utilizado para o tratamento de diabetes tipo 2.

Da mesma fabricante, o Zepbound foi testado em estudos clínicos e apresentou resultado de redução de até 20% no peso dos pacientes. Ele utiliza o mesmo componente, a tirzepatida, na concentração de 2,5 mg. Ele foi aprovado pela FDA (agência americana que regulamenta drogas e alimentos) no final do ano passado contra obesidade.

Tá, mas e os riscos?

Como todo medicamento, as drogas injetáveis possuem efeitos colaterais. Os mais comuns são náuseas, diarreia e perda muscular. Outro ponto é que ainda há incertezas sobre os efeitos do uso prolongado desses medicamentos.

Relatórios preliminares de agências internacionais indicaram um aumento na ocorrência de problemas gástricos e de potenciais nódulos na tireoide que podem estar associados ao tratamento. Outros estudos ainda são necessários para ter certeza dessa relação.

E os custos?

Infelizmente, os custos dos medicamentos são muito elevados, o que os torna pouco acessíveis para a maioria da população.

Uma caneta para tratamento mensal do Ozempic, que consiste em quatro doses, custa de R$ 1.034 a R$ 2.600, de acordo com o CMED, que regula os preços de medicamentos nas farmácias e hospitais brasileiros. O Wegovy, que deve chegar no país em agosto, tem seu preço máximo em R$ 2.484.

O Mounjaro e o Zepbound ainda não estão disponíveis no Brasil, mas o valor do primeiro deverá custar R$ 3.952.

tratamento de obesidade hoje é multidisciplinar, com diversas terapias, entre elas o uso das drogas injetáveis. O alto custo desse medicamento alarga ainda mais o abismo que existe entre os pacientes atendidos no sistema público e no privado.

No final do ano passado, escrevi sobre os gargalos do tratamento de obesidade no SUS (Serviço Único de Saúde), e sugiro, para quem quiser se aprofundar mais, lê-lo aqui.

Por Ana Bottallo