Ocupação de leitos de UTI tem queda em 20 das 22 regiões do estado de SP
Em apenas duas regiões foram observadas altas: Grande São Paulo Sudoeste e Grande São Paulo Leste
A taxa de ocupação de leitos de UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) para pacientes com Covid-19 apresentou queda em 91% das regiões de saúde do estado de São Paulo -em 20 das 22- entre 5 de agosto a 12 de agosto.
A maioria destas regiões está com taxas de internação de terapia intensiva para tratamento de pacientes com o coronavírus menores do que 50%.
Em apenas duas regiões foram observadas altas: Grande São Paulo Sudoeste, com evolução de 4%; e Grande São Paulo Leste, com alta de 3,5%.
Essas regiões são subdivisões da região metropolitana de São Paulo, que abriga um total de 39 cidades. Na porção da Grande São Paulo Sudoeste estão nove municípios, tais como Cotia, Embu e Taboão da Serra; já na Grande São Paulo Leste, são 11 cidades, entre elas Guarulhos, Mogi das Cruzes, Ferraz de Vasconcelos e Santa Isabel.
Os dados dessas duas regiões precisam ser relativizados, já que em números absolutos, elas representam um pequeno número do total do estado. A alta de 4% na Grande São Paulo Sudoeste se dá pela evolução de 25 para 26 leitos de UTI ocupados. Já na Grande São Paulo Leste, foram sete novas internações de 5 de agosto a 12 de agosto: de 199 passou para 206.
Os dados foram tabulados pela plataforma SP Covid-19 Info Tracker, desenvolvida por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e da Unesp (Universidade Estadual Paulista) com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo) para acompanhar a evolução da pandemia, com base em relatórios oficiais dos órgãos de saúde.
Segundo esses dados, a queda no período de 5 de agosto a 12 de agosto no estado foi de 6%. Em números absolutos, o estado de São Paulo passou de 5.021 pessoas internadas em UTI Covid no dia 5 de agosto para 4.720 no último dia 11, últimos dados tabulados.
A cidade de São Paulo concentra, sozinha, 28,6% do total de pessoas internadas em leitos de UTI Covid: 1.351. Na capital paulista, a queda foi menor do que a do estado, de 5% (era 1.423 em 5 de agosto).
Um dos coordenadores da plataforma, Wallace Casaca, afirma que a queda registrada nas regiões é sustentada, mas se estabilizou. “Em relação aos últimos meses, caiu bastante, só que agora pararam”, afirma.
Na análise do infectologista Marcos Boulos, professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e integrante do Centro de Contingência do Coronavírus, do governo de São Paulo, que assessora a gestão João Doria (PSDB) nos cuidados com a pandemia, a curva de decréscimo está reduzindo.
Os dados indicam que a maior taxa de ocupação se observa em Ribeirão Preto, com 70% dos leitos de UTI Covid ocupados. O número é bem superior à média do estado, de 45,1%, ou mesmo da cidade de São Paulo, com 48%. Na outra ponta está a Grande São Paulo Sudoeste, com apenas 14,7% dos leitos disponíveis ocupados.
Segundo Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência, tanto um quanto outro número precisam ser relativizados, já que a taxa de ocupação reflete a quantidade de leitos disponíveis.
Em relação à regional de saúde de Ribeirão Preto, ele afirma que a taxa é de 22 leitos por 100 mil habitantes, número inferior aos 32 leitos por 100 mil habitantes da regional de Barretos, que está com 58,4% de taxa de ocupação e figura na segunda colocação no ranking; ou mesmo os 35 leitos por 100 mil de São José do Rio Preto, com taxa de ocupação de 58%.
Atualmente Ribeirão dispõe de 321 leitos de UTI, número que no auge da pandemia foi de 491. “Como não há mais a necessidade imediata dos leitos e há pacientes com outros problemas, provavelmente uma parte deles agora já foi dirigida pessoas com outras patologias”, diz.
Para o infectologista Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza, professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e presidente da Sociedade Paulista de Infectologia, a queda é resultado de uma série de fatores que englobam uma parcela das pessoas já imunizadas pelo fato de terem sido contaminadas ou vacinadas, o uso de máscara e ainda o isolamento social.
“Acredito que nós estamos com uma diminuição que depende de um equilíbrio muito sutil com uma certa imunidade populacional e manutenção das medidas não farmacêuticas”, afirma.
O médico, integrante do centro de contingência, afirma que o estado já viveu uma situação semelhante entre setembro e novembro de 2020. “E voltou a explodir exatamente quando as flexibilizações começaram. Porém, eu não estou dizendo com isso que começará de novo”, diz.
Apesar de ressaltar que a quantidade de pessoas internadas em leitos de UTI é a menor desde novembro de 2020 e que o enfrentamento à pandemia entra em uma nova fase, Paulo Menezes afirma ainda se tratar de um risco importante para saúde pública.
“Precisamos manter os cuidados necessários para essa convivência com essa nova fase, que é uma fase em que temos a maior parte das pessoas vacinadas, com a chance de variantes mais complicadas”, afirmou.
Por Clayton Freitas