Mulheres mudam mais hábitos para combater crise climática, indica pesquisa
No levantamento, 3 a cada 4 mulheres dizem já terem adotado um novo comportamento
Uma proporção maior de mulheres que de homens já mudou seus hábitos para combater a crise climática, e também são elas as mais propensas a aceitar argumentos para fazer essas alterações, mostra levantamento feito pelo Fórum de Mulheres para Economia e Sociedade (WFES), plataforma que reúne líderes globais em diversas áreas.
No levantamento, 3 em cada 4 mulheres dizem já ter adotado algum novo comportamento para preservar o ambiente.
Reciclar e evitar produtos descartáveis é a ação mais comum entre elas (59%), seguida de preferir produtores locais (47%) e reduzir o consumo de água (41%).
Entre os homens, as porcentagens são 51%, 46% e 36%, respectivamente. No total, foram ouvidas 9.500 pessoas nos 19 países do G20 (entre os quais está o Brasil).
Embora mais sensíveis a participar do combate à mudança climática, as mulheres são minorias entre os formuladores e executores de políticas pública nessas áreas, mostra também o relatório do WFG.
Entre seis países acompanhados, era o Reino Unido o que tinha em 2020 a maior parcela feminina entre servidores de alto ranking de ministérios ligados ao clima, como Ambiente, Transportes e Energia.
Ainda assim, as britânicas ocupavam menos de 40% dos cargos, e a porcentagem era menor que a de 2019, quando chegava a quase 60%.
A parcela feminina é também minoritária nas delegações que participaram da COP 25 em Madri, em 2019, com exceção do Reino Unido, onde ela foi de 56%. A próxima COP, a de número 26, será realizada a partir de 31 de outubro em Glasgow (Escócia).
Para a entidade, o resultado mostra que as mulheres não estão em posição de influenciar suficientemente decisões cruciais em relação à crise climática global. Entre os entrevistados, 83% disseram que gostariam de ver mais servidoras entre os responsáveis por política ambiental.
Além de elas serem as que mais agem individualmente para reduzir suas emissões de gás carbônico, mais diversidade entre os tomadores de decisão é crucial, de acordo com o WFES, para garantir que impactos diversos estejam incluídos nas soluções desenvolvidas.
O fórum publicou nesta terça (19) uma lista de ações que recomenda aos governos do G20 para acelerar a igualdade entre gêneros. “Não queremos esperar mais 135 anos por um mundo mais igual. Não é isso o que as pessoas esperam de nós”, disse Audrey Tcherkoff, diretora da entidade.
O barômetro do WFES documentou desigualdades também em campos como política, emprego, negócios, saúde e tecnologia.
Dois terços dos habitantes do G20 dizem que mulheres têm menos chances que homens, e os prognósticos não são muito positivos.
Cerca da metade (48%) diz acreditar que a igualdade entre homens e mulheres no mundo nunca será alcançada, e um terço afirma não crer que essa meta seja atingida em seu país.
Apesar do pessimismo, 84% das pessoas vivem no G20 consideram uma prioridade importante eliminar as diferenças entre os gêneros e planejar uma economia que inclua as mulheres.
Em países em desenvolvimento são maiores as porcentagens dos que consideram a inclusão “muito importante”: 68% na Índia, 67% no Brasil, 66% na Turquia e na África do Sul e 61% no México. Na média, 43% das pessoas do G20 classifica a meta como “muito importante”.
São 76% os que defendem cotas para mulheres nos conselhos de administração de empresas apesar de possíveis efeitos colaterais negativos, “porque as coisas não mudam por conta própria” (81% das mulheres e71% dos homens).
Multas pesadas para empresas que pagam salários diferentes a homens e mulheres com funções semelhantes são aprovadas por 79%.
O relatório mostrou que a pandemia tem efeitos de longo prazo mais graves para as mulheres: 69% relataram sentir esgotamento, ansiedade ou depressão como resultado da pandemia, contra 58% dos homens.
Quase 80 por cento das mulheres dizem que têm “medo do futuro” após a disseminação da Covid (entre os homens, 70%), e dois terços das mulheres que têm filhos experimentaram um aumento impactante na carga de trabalho.
Texto: Ana Estela