Ministério da Ciência aposta em spray anti-Covid para mãos à base de nióbio

Produto criado por startup de professores da UFMG aguarda aval da Anvisa

Uma startup mineira desenvolveu um spray anti-Covid à base de nióbio que, segundo os criadores, pode proteger as mãos por até 24 horas contra o novo coronavírus.

Uma parte do financiamento do projeto foi custeada com recursos da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Cerca de R$ 500 mil foram recebidos por meio de um edital específico de combate à Covid-19.

Segundo Luiz Carlos Oliveira, sócio da Nanonib e professor do departamento de Química da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), o spray, chamado Innib 41, foi produzido a partir de uma molécula desenvolvida antes da pandemia. Ela tem ação contra vírus e também 18 tipos de bactérias resistentes, ele conta.

O produto já foi submetido para a avaliação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e ainda aguarda parecer. No processo, ao menos quatro reuniões foram feitas com o órgão regulador.

O começo da produção deve ocorrer somente depois da resposta da agência, de acordo com os pesquisadores. Para essa etapa, eles contam com outros investidores, além dos recursos do ministério.

Antes de ser submetido à Anvisa, o spray passou por pesquisa em laboratório e foi testado em 300 pessoas. Oliveira explica que o spray não é tóxico pelo fato de usar baixa concentração de nióbio, minério que é o 41º elemento da tabela periódica.

“Submetemos o produto a uma empresa especializada em testar toxicidade em moléculas novas com metodologia reconhecida internacionalmente. Todos os estudos de segurança e eficácia foram feitos e mostraram que o produto não é tóxico, podendo ser usado também em crianças”, conta o pesquisador.

Segundo Oliveira, o projeto foi pensado para Covid para ajudar principalmente as pessoas que não conseguem higienizar as mãos com muita frequência, como operadores de caixa de supermercado e motoristas de aplicativos.

A remoção, em caso de necessidade, pode ser feita apenas com água –sabão não é essencial para isso, de acordo com o cientista.

A Nanonib é uma startup criada dentro da UFMG pelos professores Oliveira, Jadson Belchior e Cinthia de Castro. A empresa é especializada em produtos à base de nióbio.

Os responsáveis começaram a trabalhar com esse minério pelo fato de o Brasil ser o maior produtor e exportador de nióbio do mundo. “Nós vimos que essa seria uma oportunidade de achar aplicações diferentes para o nióbio”, afirma Oliveira.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é um entusiasta do nióbio. Ele citou o elemento químico antes e durante a campanha eleitoral de 2018. Já eleito, ele também não deixou que fosse esquecido.

Em visita ao Japão em 2019, por exemplo, ele disse que o Brasil aproveita mal o metal, que pode ser usado em gasodutos, turbinas e até em foguetes espaciais e reatores nucleares.

Na semana passada, Bolsonaro participou da abertura da 1ª Feira Nacional do Nióbio, em Campinas (SP), ao lado do ministro Marcos Pontes (Ciência). Na ocasião, o chefe do Executivo destacou a importância do mineral para o país.

Por Raquel Lopes

 

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