Mesmo autorizadas, escolas particulares não têm retorno de todos os alunos em SP
Muitas famílias optaram por ainda manter os filhos em casa
Mesmo autorizadas a atender 100% dos matriculados todos os dias, escolas particulares da capital não viram o retorno de todos os estudantes nesta segunda-feira (2).
As unidades se prepararam para oferecer aulas presenciais a todos, mas muitas famílias optaram por ainda manter os filhos em casa, acompanhando as atividades remotas. A decisão é mais recorrente entre os estudantes do ensino médio.
No colégio Luminova, na Barra Funda, zona oeste da capital, só cerca de 40% dos alunos dessa etapa voltaram a frequentar as aulas presenciais. Nas turmas de educação infantil e fundamental 1 (do 1º ao 5º ano), mais de 80% optaram pelo retorno.
A frequência às aulas presenciais continua sendo opcional em todo o estado. O governo João Doria (PSDB) avalia torná-la obrigatória a partir de setembro, a depender da adesão dos alunos durante o mês de agosto.
Segundo Paulo Sérgio Candido, coordenador do colégio Luminova, muitos pais de adolescentes disseram que os filhos estão adaptados à rotina do ensino à distância e preferem esperar até que eles também estejam vacinados.
O governo de São Paulo prevê iniciar a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos em 18 de agosto. Toda essa faixa etária deve estar imunizada com a primeira dose até 12 de setembro.
“As famílias ainda têm receio da contaminação e muitos pais também não tomaram a segunda dose. Muitos nos disseram preferir esperar o retorno dos filhos à escola no próximo mês, quando também estarão imunizados.”
Dos 145 alunos de ensino médio, 54 voltaram à escola. Pedro Henrique Correa, 16, entrou no colégio pela primeira vez na manhã desta segunda.
Ele se mudou para a escola no início do ano e ainda não tinha frequentado nenhuma aula presencial. Pela primeira vez encontrou colegas que só havia conhecido por vídeo e conversado por mensagem.
“É bom estar aqui, é bem diferente de ficar sozinho em casa na frente do computador. Mas ainda vou precisar de um tempo para me adaptar”, disse o aluno, que está no segundo ano do ensino médio.
Para Lorenza Corazza, 18, também foi a primeira vez que frequentou a escola desde março do ano passado. Há mais de 16 meses ela não encontrava os colegas de sala.
“Fiquei muito feliz de encontrar todos os meus amigos, de me arrumar para vir à escola. Em casa, eu acompanhava as aulas de pijama, deitada na cama. Ficava cada vez mais triste”, conta.
Apesar da felicidade em encontrar os amigos, Corazza diz ainda ter medo de ser contaminada e levar o vírus para a família. No ano passado, o pai da jovem teve Covid-19 e ficou internado.
“Passamos por uma situação muito difícil, tive muito medo. Não quero passar por esse sofrimento de novo. Tomo muito cuidado, mas acho que só vou ficar segura depois de me vacinar.”
Em outros colégios da capital, a própria direção optou por retornar com o atendimento total dos alunos mais novos antes de ampliar para os de ensino médio. A avaliação é de que os adolescentes têm mais autonomia e domínio das tecnologias para continuar estudando a distância.
No colégio Santa Cruz, no Alto de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, os alunos de educação infantil e ensino fundamental 1 já podem frequentar as aulas todos os dias, sem restrição de atendimento. Para o ensino fundamental 2 (do 6º ao 9º ano) e médio, haverá uma fase de transição nas próximas três semanas até alcançar todos os estudantes.
O mesmo processo de transição vai acontecer nos colégios Santa Maria e Marista Arquidiocesano.
Texto: Isabela Palhares