Médico que denunciou Prevent entra em programa de proteção à testemunha
A informação foi dada pelo vice-presidente da CPI da Covid
O médico Walter Correa de Souza Neto, autor do dossiê que deu origem às investigações sobre a Prevent Senior, tem recebido ameaças e foi incluído no programa de proteção à testemunha.
A informação foi dada por Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid no Senado, durante visita da cúpula da CPI do Senado ao Ministério Público de São Paulo, na capital paulista, nesta quarta-feira (10). “Isso demonstra a obscuridade do momento em que vivemos”, disse o senador.
Rodrigues revelou que o servidor público Ricardo Miranda também é alvo de ameaças e foi incluído no programa de testemunhas.
Segundo a advogada do médico, Bruna Morato, Miranda é um dos denunciantes do caso Covaxin, que acusa o governo federal de irregularidades na compra de vacinas contra a Covid-19.
A cúpula da CPI é formada pelos senadores Omar Aziz (PSD-AM), que presidiu a CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente das investigações, e Renan Calheiros (MDB-AL), o relator. O trio e a senadora Simone Tebet (MDB-MS) integram a chamada Frente Parlamentar Observatório da Pandemia.
A frente foi criada para acompanhar os desdobramentos da CPI, concluída há cerca de um mês, e esteve em São Paulo para entregar documentos ao Ministério Público, à Câmara Municipal e ao Ministério Público do Trabalho, que investigam a operadora.
Uma força-tarefa formada por promotores de São Paulo conduz uma investigação criminal para apurar a conduta da Prevent Senior no tratamento de pacientes durante a pandemia.
Os promotores receberam um terabyte de informação dos senadores nesta quarta-feira (10).
“A partir desses subsídios é que as investigações avancem”, disse o procurador-geral.
“A CPI trouxe aspectos que nós consideramos da alçada de São Paulo”, disse o senador Randolfe Rodrigues. “Quatro depoimentos da CPI foram entregues. Mais de um terabyte encaminhado pelos médicos sobre o macabro esquema criado pela Prevent Senior.”
A operadora de saúde é acusada de ter administrado o chamado kit Covid, formado por medicamentos sem comprovação científica para tratar a doença, além de ter conduzido um estudo ilegal com cerca de 600 pacientes com Covid que tomaram os medicamentos.
Desde o fim de outubro, hospitais da rede estão proibidos de receitar e administrar o kit Covid, segundo TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado com a Promotoria de Saúde Pública.
O acordo prevê multa caso isso ocorra, além de outras sanções, como a obrigatoriedade de publicar em veículos de grande circulação um comunicado sobre a falta de comprovação da efetividade dos remédios.
Antes de se reunir com o procurador-geral de Justiça na sede do Ministério Público de São Paulo, a frente parlamentar esteve no escritório dos advogados Miguel Reale Júnior, ex-ministro da Justiça, e Sylvia Steiner para entregar o relatório da CPI do Senado. Os advogados “deram importante contribuição técnica na elaboração do documento”, segundo os congressistas.
Está prevista também a visita dos congressistas à Câmara Municipal de São Paulo, onde está instalada a CPI da Prevent Senior, e ao Ministério Público do Trabalho, que também conduz uma investigação sobre a operadora.
O último compromisso do grupo em São Paulo será no Instituto Butantan.
Por Mariana Zylberkan