Justiça nega prisão preventiva do empresário Saul Klein e prorroga investigação
Klein nega ter cometido crime
Em decisão proferida na noite deste domingo (15/5), o juiz Fabio Calheiros do Nascimento, da 2ª Vara Criminal de Barueri, não acatou pedido da Polícia Civil para a prisão preventiva do empresário Saul Klein e mais oito suspeitos de participarem de um esquema de aliciamento, favorecimento à prostituição e estupro de jovens mulheres.
O magistrado determina a continuidade, por tempo indeterminado, das investigações, e argumenta que, por isso, não é possível manter os indiciados presos.
“Indefiro o pedido de prisão preventiva dos suspeitos apontados pela autoridade policial, neste momento, pois ainda que estivessem presentes indícios de autoria e materialidade dos crimes que levaram ao indiciamento deles, a respeito do que não entro no mérito nesta ocasião, o alongamento do inquérito policial, sem prazo determinado para a conclusão, torna inviável a custódia cautelar. E as diligências certamente deverão ser realizadas porque o Ministério Público, dominus litis, as requereu.”
Klein nega ter cometido crime. Além dele, são alvo da decisão outras oito pessoas. Cinco delas são apontadas pelas vítimas como operadoras do aliciamento e recrutamento de mulheres e organizadoras da rotina nas casas do empresário.
Duas delas são donas da uma marca de biquínis, que, segundo depoimentos no inquérito policial, era utilizada para atrair garotas sob a falsa promessa de um emprego em campanha publicitária.
Calheiros proíbe, na decisão, que os acusados comuniquem-se uns com os outros e com qualquer uma das vítimas ou seus representantes. Também determina o recolhimento de passaportes de cinco deles, mas não do próprio Saul Klein.
Com a decisão, os autos do inquérito retornarão à 4ª Delegacia de Defesa da Mulher de Barueri para a realização de novas ações e prosseguimento das investigações.
Em 29 de abril, em nota, o advogado André Boiani e Azevedo disse que Saul Klein reafirma que nunca cometeu crime algum. “O indiciamento divulgado ontem [28 de abril] e o pedido de prisão são atos discricionários da autoridade policial que não vinculam os demais atores processuais”, afirmou a defesa.
Relembre o caso Saul é investigado pela polícia desde setembro de 2020, em um processo envolvendo 14 jovens que o denunciaram por estupro, lesão corporal e transmissão de doença venérea, entre outros crimes.
Elas fizeram as primeiras denúncias em setembro de 2020 à promotora de justiça Gabriela Manssur e foram encaminhadas ao projeto Justiceiras, idealizado por ela, sob liderança jurídica da advogada Luciana Terra Villar. As vítimas passaram por acolhimento psicológico e orientação jurídica, e as denúncias foram levadas à Delegacia de Defesa da Mulher de Barueri.
Até março deste ano, 18 meses após o início da investigação e um ano depois de Universa publicar uma série de reportagens com trechos de depoimentos de nove vítimas, o inquérito já havia passado por quatro delegados responsáveis. A rotatividade se deu pelas trocas feitas no comando da Delegacia de Defesa da Mulher de Barueri.
Por Pedro Lopes e Camila Brandalise