Jornalista é intimidada ao cobrir greve de motoristas de ônibus no Rio – Mais Brasília
FolhaPress

Jornalista é intimidada ao cobrir greve de motoristas de ônibus no Rio

A jornalista fazia uma transmissão ao vivo do terminal Alvorada

Foto: Reprodução

Uma repórter do SBT foi intimidada nesta sexta-feira (25/2) por dois homens durante a cobertura de uma greve de motoristas do sistema de corredores de ônibus BRT no Rio de Janeiro.

A jornalista Branca Andrade fazia uma transmissão ao vivo do terminal Alvorada, na Barra da Tijuca (zona oeste), quando duas pessoas não identificadas passaram a ficar entre ela e o repórter cinematográfico Edson Santos. Por mais de dois minutos, ela tentou informar sobre a situação da greve enquanto era ameaçada pelos dois.

De acordo com nota do SBT, a equipe conseguiu voltar a trabalhar “depois da repercussão imediata do caso”.
“O SBT agradece também à Polícia Militar do Rio de Janeiro que prontamente foi até o local para garantir a integridade dos profissionais e pede a imediata identificação dos envolvidos”, afirmou a emissora.

A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) repudiou as intimidações contra a equipe da emissora.
“Além de atrapalharem a gravação das imagens do local, eles não permitiram que a jornalista informasse a população sobre o funcionamento do BRT. A Abert pede às autoridades locais uma rigorosa apuração do caso, com a identificação e punição dos responsáveis”, diz a nota da entidade.

O Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro considerou o caso um “inaceitável constrangimento”. “Tais fatos são inadmissíveis numa democracia”, afirmou o sindicato.

O prefeito Eduardo Paes (PSD) determinou à Secretaria Municipal de Ordem Pública a apuração dos fatos e identificação dos envolvidos.

A Justiça do Trabalho considerou ilegal a realização da greve e determinou o retorno de ao menos 80% da força de trabalho, por considerar o transporte público atividade essencial.
A prefeitura afirma que não foi notificada sobre a realização da greve, motivo pelo qual a considera ilegal.

A paralisação ocorreu dias após o município cassar a concessão do operador dos corredores de ônibus BRT na cidade em razão da má qualidade do serviço. A operação está sendo realizada pelo próprio poder público até a realização de nova licitação para operação do BRT.

Paes afirmou que empresários da antiga operadora tentam “chantagear a prefeitura, usando os trabalhadores do BRT para forjar uma greve”.
“O objetivo é tentar impedir que as mudanças necessárias para recuperar o sistema sejam implementadas”, disse ele, em vídeo divulgado em suas redes sociais.

O Sindicato dos Rodoviários do Rio de Janeiro afirmou, em nota, que não organizou a greve promovida na manhã desta sexta.
“Tudo indica que o congelamento dos salários há mais de três anos, que já afeta a subsistência das famílias dos trabalhadores, gerou um acúmulo de insatisfação e ansiedade que precipitou essa paralisação espontânea”, afirma a entidade.