Homem pede para ser preso após ameaçar a ex-mulher no Espírito Santo
Confeiteiro Samuel Santos Souza chamou a Polícia Militar após sentir que representava um risco para a ex-mulher
O confeiteiro Samuel Santos Souza, 24, de Vitória (ES), chamou a Polícia Militar e pediu para ser preso após sentir que representava um risco para a ex-mulher, de quem se separou após três traições, por parte dele.
Depois de descobrir o novo relacionamento da ex-mulher, quatro meses após a separação, ele começou a mandar mensagens ameaçadoras. Dizia que, se o casamento não fosse retomado, mataria a ex-mulher e o atual namorado dela.
“Para isso não acontecer, eu abri um BO (Boletim de Ocorrência) contra mim mesmo. Para proteger a vida dela e a da minha filha também”, ele explicou em entrevista à TV Gazeta, ao lado de um policial.
O confeiteiro contou que, além das mensagens, foi à casa da ex-mulher, que se sentiu coagida. “Passou uma viatura e eu mesmo chamei para mim”, disse sobre o momento em que acionou a polícia para ser detido.
Souza afirma ter consciência de que está errado e por isso decidiu chamar a polícia. “Não quero ser mais um que mata mulher. Nunca bati em mulher nenhuma”.
Na entrevista, ele disse ainda que aprendeu com os pais o que é certo e errado, mas sentiu que tomaria a decisão errada. O confeiteiro chegou a rir ao comentar o motivo da separação, ou seja, a traição tripla. “É a realidade. Não vou ficar inventando mentiras em uma entrevista”, declarou.
Souza espera ficar preso durante um ano e seis meses, o que chama de “retiro”. Depois disso, pretende sair e retomar a profissão. “E ela vai continuar tranquila, vai continuar bem”, argumentou.
Ele mesmo disse que é “meio doido” passar um tempo na cadeia até a situação acalmar, mas está conformado. “Essa é a realidade”, afirmou no final da entrevista.
De acordo com a Lei Maria da Penha, a violência contra a mulher não é só física. Pode ser também psicológica (ameaças, vigilância constante), moral (xingamentos, calúnias), patrimonial (controlar o dinheiro da mulher, destruir bens pessoais) e sexual.
Em 2020, um terço das mulheres mortas no país morreu apenas por ser mulher. A porcentagem de feminicídios no universo dos assassinatos de brasileiras foi de 35%.
O Código Penal determina que a morte é feminicídio quando envolve violência doméstica, familiar e “menosprezo ou discriminação à condição de mulher”. É um agravante do homicídio comum, com pena prevista de 12 a 30 anos.