Grande Rio já teve 9 crianças baleadas em 2021, aponta Fogo Cruzado

Análise aponta que 2 vítimas foram atingidas durante ações

Nove crianças foram baleadas na região metropolitana do Rio entre 1º de janeiro e 12 de outubro de 2021, de acordo com levantamento do Instituto Fogo Cruzado, laboratório focado em registros sobre violência armada.

A análise aponta que 2 vítimas foram atingidas durante ações e operações policiais e outras 2 em tentativas de homicídio. Além delas, ataques a civis resultaram em 2 crianças com ferimentos do tipo e balas perdidas representaram 2 dos casos contabilizados.

Um deles é o da Alice Pamplona da Silva, de 5 anos. Ela estava no colo do mãe assistindo a queima de fogos da virada do ano quando foi baleada no Morro do Turano, na Zona Norte da cidade do Rio, em 1º de janeiro de 2021. A menina chegou a ser levada para o Hospital Casa de Portugal, nas proximidades da comunidade, mas não resistiu e morreu à 1h10.

“Muito se fala em proteção das crianças, mas muito pouco se faz”, afirma Cecília Olliveira, diretora do Instituto Fogo Cruzado.

Em 2 das situações identificadas pela entidade, não possível precisar a razão a motivação do tiro. Três das 9 vítimas não sobreviveram aos disparos.

“Uma criança é muito. Para quem perdeu uma criança, ela é tudo. E esse tudo, não tem volta”, afirma Cecília Olliveira, diretora do Instituto Fogo Cruzado.

Apesar de alto, o número de crianças baleadas em 2021 calculado pela organização representa uma queda de 55% em relação aos mesmos períodos de 2019 e 2020. Em cada uma das duas ocasiões citadas, 20 meninos e meninas foram atingidos no Grande Rio.

Em 5 anos, mais de 100 crianças baleadas

Pelas contas do Instituto Fogo Cruzado, 103 crianças foram baleadas na região metropolitana do Rio desde 2016 e 30 morreram por conta de tiros. Os casos em favelas foram 64 e representam 62% do total. Em metade deles (31 situações), as comunidades recebiam ações ou operações no momento do disparo.

“Os dados mostram que elas estão sendo feridas, mortas, que têm problemas psicológicos, mas pouco ou nada é feito por aqueles que têm o dever constitucional de garantir um crescimento saudável e com direitos garantidos para estes pequenos cidadãos”, diz Cecília.

Traumas psicológicos.

Quando não gera marcas físicas, a violência no Rio deixa traumas psicológicos. Um exemplo é o caso da menina de 9 anos que viu um homem ser morto em seu quarto durante uma operação na favela do Jacarezinho que terminou com 28 mortos, no último dia 6 de maio.

Após a ação policial mais letal da história do Rio, a garota passou dias sem querer dormir em casa. De acordo com Cecília, outras crianças desenvolvem quadros de ansiedade, insônia e medo em função da exposição a situações do tipo, além de terem seus desenvolvimentos afetados.

Outro levantamento do Fogo Cruzado mostrou que, de 1º de junho de 2017 a 08 de junho deste ano, 15 grávidas foram baleadas na região metropolitana do Rio. Todos os casos registrados ocorreram em áreas periféricas, como a Baixada Fluminense, São Gonçalo e zonas norte e oeste da capital.

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