Governador da BA diz que não autorizou festas de Réveillon e alerta turistas
Declarações foram dadas após a Folha de S.Paulo publicar nesta quarta (11/8) que estão vendendo ingressos para festas com até 5 mil pessoas
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), reagiu à venda de ingressos para festas de Réveillon e afirmou que não há autorização para realização de eventos com multidões no estado.
As declarações foram dadas após a Folha de S.Paulo publicar nesta quarta-feira (11/8) que produtoras estão vendendo ingressos para festas com até 5.000 pessoas em destinos turísticos como Boipeba, Itacaré e Morro de São Paulo, na Bahia, e também em outros estados nordestinos.
“Quem estiver comercializando produtos de festas para o Réveillon está fazendo exclusivamente por sua conta e risco. É importante que as pessoas saibam disso”, afirmou o governador.
Ele orientou às pessoas que tenham notícias sobre a venda de ingressos para festas que comuniquem ao Ministério Público e ao governo da Bahia, por meio do Procon. “Nós não autorizamos essa comercialização.”
Rui Costa afirmou que não há decreto autorizando festas -o atualmente em vigor permite eventos com no máximo 300 pessoas- e disse ser impossível antecipar qual será o cenário em dezembro.
A Bahia vive um cenário de queda nos casos da Covid-19 e possui 3.380 casos ativos da doença nesta quinta-feira (12/8), com 42% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ocupados.
O governador, contudo, destacou a imprevisibilidade do cenário da pandemia e lembrou o caso de Israel, que mesmo com cerca de 80% da população vacinada planeja adotar medidas restritivas para barrar o avanço da variante delta.
“É desejo de nós todos que a gente se liberte desse vírus o quanto antes. Mas é prematuro ficar fazendo anúncio para o futuro sem conhecer a realidade do vírus, que tem se mostrado traiçoeiro”.
As vendas de ingressos acontecem a despeito do cenário incerto da pandemia da Covid-19. Foram anunciadas festas com programação de até cinco dias e que preveem shows de artistas como Anitta, Wesley Safadão, Bell Marques e Barões da Pisadinha.
Nas principais cidades do litoral da Bahia, já foram anunciadas festas privadas com público de até 5.000 pessoas. O secretário de Turismo da Bahia, Maurício Bacelar, diz que tem sido procurado por empresas que desejam promover festas de Réveillon. Mas afirma que a realização de eventos dependerá do quadro de disseminação da Covid-19 até o final do ano.
“As prefeituras são quem têm competência de liberar os alvarás para festas. Mas, em geral, elas têm seguido os decretos estaduais. O governo só vai liberar eventos de maior porte se houver segurança sanitária” afirma.
A secretaria trabalha na definição de um padrão de protocolos sanitários para o setor de turismo. Mas algumas produtoras de festas se anteciparam e apresentaram projetos que incluem até mesmo a exigência de carteira de vacinação e a realização de testes de Covid-19 antes do evento.
Em Salvador, o prefeito Bruno Reis (DEM) informou na última semana que planeja uma festa com cinco dias de programação entre 29 de dezembro e 2 de janeiro. Mas não deu detalhes sobre a dimensão e o formato da festa.
O secretário municipal de Cultura e Turismo, Fábio Mota, afirma que a prefeitura trabalha com diferentes cenários, que variam desde uma festa de menor porte até um evento no mesmo padrão de anos anteriores, quando chegou a reunir até 250 mil pessoas por dia.
“Se a festa vai acontecer ou não, vai depender do cenário da pandemia. Mas o planejamento está sendo feito, até porque não dá para organizar um evento do porte do Réveillon em cima da hora”, diz.
A dimensão do Réveillon vai depender, sobretudo, do avanço da vacinação até o final do ano. Até esta terça-feira (10/8), cerca de 684 mil pessoas haviam sido imunizadas com as duas doses da vacina contra a Covid-19 em Salvador -a cidade tem cerca de 2 milhões de residentes acima de 18 anos.
No ano passado, a festa em Salvador aconteceria em formato de live, mas foi cancelada em meio ao recrudescimento dos casos de Covid-19 no país.
O mesmo aconteceu com festas em outras cidades do Nordeste, que suspenderam os eventos após governos estaduais e prefeituras intensificarem as medidas restritivas.
Em alguns casos, os cancelamentos foram precedidos de batalhas judiciais envolvendo produtoras, prefeituras e governos estaduais.
Na Bahia, o governador chegou a acionar a polícia para bloquear a entrada de casas de eventos. Mesmo assim, houve registros de aglomerações e eventos clandestinos em destinos turísticos como Trancoso, Caraíva e Arraial D’Ajuda.
Por João Pedro Pitombo