Famílias pobres ocupam supermercado para pedir 100 cestas básicas em Maceió
A gerência do supermercado acionou a PM
Cerca de 50 moradores de quatro comunidades pobres da periferia de Maceió ocuparam um supermercado da rede GBarbosa, no bairro da Serraria, neste domingo (19), para pedir a doação de 100 cestas básicas para garantir alimentos até o Natal.
A gerência do supermercado acionou a PM (Polícia Militar), que foi até o local e ajudou a intermediar uma conversa entre a loja e os manifestantes. O ato foi pacífico.
“A gente foi recebido pelo gerente da loja, e ele disse que não pode disponibilizar de imediato, mas aceitou o ofício e garantiu que vai acatar, só não vai fazer de imediato. Eles deram até 30 dias para entregar as cestas”, conta Ivanilda Gomes, uma das líderes do MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) em Alagoas.
O MLB se define como um “movimento social nacional que luta pela reforma urbana e pelo direito humano de morar dignamente, formado por milhares de famílias sem-teto de todo o país”. Foi fundado em 1999, em Pernambuco, e se espalhou por outros estados.
O objetivo da ação é distribuir as cestas para famílias das comunidades da Vila Emater 2 (do antigo lixão de Maceió), Vale do Reginaldo, Rio Novo e conjunto Jorge Quintela.
A rede de supermercados tem sede em Aracaju, e, segundo o MLB, no ano passado, a gestão do grupo doou as cestas básicas. Por conta disso, as famílias aceitaram desocupar o supermercado após o acordo. “Demos esse voto de confiança pelo ano passado”, diz.
Gomes explica que, assim como ocorreu em outras capitais do país durante a semana passada, as famílias pretendem continuar com as ações em supermercados na cidade, a fim de garantir alimentos às famílias pobres das comunidades.
“A gente queria as cestas para comer no Natal, não daqui a 30 dias. A gente continua com fome, e nossa campanha é ‘Natal sem fome’. Vamos seguir em mobilização para garantir a comida do Natal, que hoje ainda não temos”, diz.
Desde 2017, a rede GBarbosa faz parte do grupo Cencosud, que é a quarta maior empresa supermercadista do Brasil. A reportagem tenta contato com a assessoria de imprensa do grupo, e este texto será atualizado quando houver retorno.
Um dos pontos para o qual a líder chama a atenção é que muitas famílias que estavam no Bolsa Família e recebiam o auxílio emergencial ficaram de fora do programa Auxílio Brasil e estão sobrevivendo graças a doações de entidades e com uma bolsa de R$ 70 que está sendo paga pelo governo de Alagoas.
“Tem muita gente que tinha Bolsa Família e agora não está ganhando nada. Algumas famílias conseguiram entrar, mas há outras que não têm renda nenhuma. É uma situação muito complicada”, afirma Gomes.
Por Carlos Madeiro