Familiares e autoridades denunciam racismo em abordagem a ícone do Carnaval no aeroporto de Brasília
Na terça (21), antes de embarcar de volta ao Rio de Janeiro, foi abordada em um estabelecimento do terminal aéreo
Familiares e autoridades denunciam racismo em abordagem a Vilma Nascimento, 85, baluarte da escola de samba Portela, em uma loja da Dufry Brasil no aeroporto de Brasília.
Um dos ícones do Carnaval carioca, ela esteve na capital do país por ocasião do Dia da Consciência Negra, celebrado na segunda-feira (20), quando foi homenageada no Congresso Nacional.
Na terça (21), antes de embarcar de volta ao Rio de Janeiro, foi abordada em um estabelecimento do terminal aéreo. Gravação que circula nas redes sociais mostra dona Vilma, como é chamada, mexendo em seus pertences que leva na bolsa após ser interpelada por funcionária de uma loja.
“Nunca pensei, na minha vida, passar por isso”, afirmou Vilma em um trecho do vídeo, compartilhado pela deputada federal Taliria Petrone (Psol-RJ).
Em nota, a Dufry Brasil pediu “publicamente desculpas pelo lamentável incidente” e afirmou que a profissional foi afastada de suas funções por “falha nos procedimentos”.
“A abordagem feita pela fiscal de segurança da loja está absolutamente fora do nosso padrão”, afirmou a empresa no comunicado.
“Este tipo de abordagem não reflete as políticas e valores da empresa. A Dufry está reforçando todos os seus procedimentos internos e treinamentos, em linha com as suas políticas, para impedir que situações assim se repitam.”
Concessionária que administra o aeroporto de Brasília, a Inframerica enviou nota na qual afirmou que tomou conhecimento “de uma denúncia sobre discriminação em uma loja do terminal aéreo”.
“A Inframerica repudia qualquer tipo de ação discriminatória, dentro ou fora do aeroporto”, disse.
Em uma rede social nesta quinta, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, classificou de “absurdas e inadmissíveis as acusações racistas” feitas contra Vilma.
Na publicação, Anielle informou ainda que a pasta entrará em contato com a porta-bandeira para prestar solidariedade e auxílio.
De acordo com a ministra, a pasta está desenvolvendo um acordo de cooperação técnica com a Anac, a Polícia Federal e os ministérios dos Direitos Humanos e Porto e Aeroportos para medidas eficazes de combate ao racismo, envolvendo capacitação, preparo e formação antirracistas para servidores, e bolsas para ampliar a diversidade na aviação.
“Vamos tomar as providências cabíveis para que casos absurdos como esse não se repitam”, disse Anielle na publicação.
No Congresso, Vilma desfilou na abertura da exposição “Pensamento Negro no Brasil: uma Conexão Ancestral”, em cartaz na Câmara dos Deputados até 12 de janeiro de 2024.
Sobre a homenagem, Vilma afirmou que são 85 anos “bem vividos” e que é uma “alegria e honra enorme” o reconhecimento em nível nacional. “Faz ter a certeza de poder olhar para trás e ver que todo empenho e dedicação valeram a pena”, disse a porta-bandeira.