Falta seringa para vacina da Pfizer em 3 estados e no DF, diz conselho de secretários
Relato da falta de insumos ocorre num momento em que o governo avalia encurtar o intervalo de aplicação
O Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) afirmou que Bahia, Alagoas, Pará e Distrito Federal enfrentam falta de seringas compatíveis com a vacina da Pfizer para a Covid-19.
Assessor técnico da entidade, Fernando Avendanho disse nesta terça-feira (17), em audiência na Câmara dos Deputados, que alguns estados estão com dificuldade de distribuir esta vacina. “Não por falta do imunizante, mas sim por falta do insumo.”
O conselho confirmou o nome dos estados após a reunião com os deputados. Segundo o Conass, há “escassez” de seringas apropriadas para esta vacina, mas não há confirmação de interrupção da aplicação das doses.
“Estamos muito preocupados com a questão das seringas, agulhas e diluentes para vacinas da Pfizer. Há uma falta de seringas de 1 ml para aplicação de vacinas da Pfizer”, disse Avendanho aos deputados.
O representante do Conass afirmou que há descompasso entre a entrega das vacinas e dos insumos necessários para a aplicação. Ele disse esperar nova compra de seringas pelo ministério.
“Não está sendo tão ágil quanto a entrega da vacina. Os estados já estão nos informando a dificuldade que estão tendo para poder distribuir vacina, porque não tem insumo. Chegamos a um novo problema”
A vacina da Pfizer é diluída e aplicada em 0,3 ml, por meio de seringas de 1 ml. O relato de falta dos insumos ocorre no momento em que o governo avalia encurtar o intervalo de aplicação das doses da Pfizer de cerca de 3 meses para 21 dias, como é indicado em bula.
A decisão deve ser tomada em setembro, quando a pasta espera ter distribuído imunizantes suficientes, de todos os modelos contratados, para a aplicar a primeira dose em maiores de 18 anos. A pasta ainda avalia a necessidade de uma terceira dose para reforçar a imunização para a Covid-19.
O assessor do Conass pediu cautela na mudança de intervalo entre as doses da Pfizer. Ele defendeu “reduzir, mas não tanto”. “Porque pode causar um impacto operacional muito grande na ponta. A gente não quer que falte a segunda dose para as pessoas”, disse.
Também durante a audiência na Câmara, a secretária de Enfrentamento à Covid do Ministério da Saúde, Rosana Leite de Melo, defendeu mudanças na forma de distribuição de vacinas da Covid. A pasta deixou de fazer o cálculo com base na população de grupos prioritários de cada estado e passou a entregar as vacinas conforme o número de pessoas acima de 18 anos que ainda deve ser vacinada.
“A gente acredita que com essa modelagem de entregar o quantitativo que falta, a gente consegue reduzir muito essa iniquidade”, disse Melo.
O governo de João Doria (PSDB) vem travando uma disputa com o governo federal em torno da quantidade de imunizantes que deve ser enviada ao estado.
O ministro Ricardo Lewandoswki, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou que a Saúde envie imediatamente a São Paulo a quantidade de vacinas necessárias para garantir a aplicação da segunda dose na população do estado, que já está parcialmente imunizada com a primeira dose.
A secretária de Enfrentamento à Covid reconheceu que a pasta recebeu “alguns questionamentos” sobre a nova fórmula de entrega de vacinas. Sem citar Doria, ela afirmou que as reclamações partem de “algumas pessoas que não entendiam a lógica” da distribuição das doses.
Procurado, o Ministério da Saúde ainda não se manifestou sobre a escassez de seringas relatada pelo Conass.
Texto: Mateus Vargas