Está com sintomas de gripe ou Covid? Veja como evitar transmissão

A chamada etiqueta respiratória serve tanto para o coronavírus quanto para o vírus influenza

O Brasil tem visto um aumento expressivo de casos de Covid-19 e de gripe, impulsionado pelo avanço da variante ômicron e pela epidemia de influenza A H3N2, que já se alastrou por diversos estados.
Diante do cenário de alta procura de atendimento médico, mesmo uma ida ao pronto-socorro pode significar um risco para quem estiver com síndrome gripal e até mesmo para aqueles que estão acompanhando os doentes.

Por causa disso, algumas dicas podem ajudar a reduzir o risco de contágio aguardando para fazer um teste ou para passar por atendimento médico em clínicas e hospitais.
Após quase dois anos de pandemia, os especialistas afirmam que os cuidados para evitar uma transmissão do coronavírus ou do H3N2 continuam os mesmos: usar máscaras, manter o distanciamento físico e a higiene das mãos.

Frente à variante ômicron, muito mais transmissível, é importante considerar um reforço das máscaras para impedir uma infecção –estudos mostram que máscaras do tipo PFF2 ou N95 são mais recomendadas para bloquear sua entrada.

As máscaras PFF2 têm alta eficácia e conseguem bloquear 99% das partículas aerossóis. O ideal é usar os modelos que possuem um elástico atrás da cabeça e mantê-los bem vedadas ao rosto.
Considerando ambientes hospitalares com alta incidência de pessoas doentes, médicos e especialistas recomendam usá-las caso seja necessário buscar atendimento médico.

“A primeira recomendação é: uma pessoa com sintoma gripal que possa ser atribuído a gripe ou Covid, se possível, permaneça em casa, em isolamento. Se isso não for possível, ou se tiver que sair para fazer um exame ou algo do tipo, [ela] deve usar máscaras do tipo PFF2 [ou a N95] e garantir que fique bem ajustada ao rosto”, afirma a infectologista e professora da Unicamp, Raquel Stucchi.

Segundo estimativas feitas pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, a transmissão da ômicron de uma pessoa infectada para outra quando as duas estão sem máscara pode ocorrer em até 15 minutos.

Ao utilizar uma máscara PFF2, o paciente infectado pode transmitir o vírus para outras pessoas em um período que vai de 2,5 horas –se a outra pessoa estiver sem máscara– até 25 horas –caso tanto o paciente quanto a pessoa não infectada estejam usando uma máscara PFF2.

Dessa forma, uma pessoa com suspeita de Covid ou gripe pode impedir a transmissão de partículas contendo o vírus tanto para os que estão ao seu redor quanto evitar a inalação de ar possivelmente contaminado, caso no fim das contas ela não esteja infectada com o vírus.

“O ideal, mesmo, seria que todos tivessem máscaras do tipo PFF2, porque a gente já sabe que ela é a que tem a melhor eficácia, agora para as outras pessoas, que estão acompanhando ou não têm sintomas gripais, qualquer máscara é melhor do que nenhuma máscara”, diz Stucchi.
É claro que as máscaras, mesmo as cirúrgicas ou de pano, devem ser colocadas de maneira correta no rosto, isto é, cobrindo totalmente o nariz, boca e queixo, afirma a médica. “Máscara debaixo do queixo não tem nenhum valor.”

O físico e pesquisador na Universidade de Vermont (EUA) Vitor Mori lembra que as estimativas de tempo de proteção são relativas e isso não significa que, passadas 2,5 horas em um pronto-socorro com a PFF2, você não esteja mais protegido. “O que os estudos fazem é estimar talvez uma ordem de grandeza, mas não é definitivo”, afirma.

Se em um primeiro momento as máscaras N95 podiam parecer proibitivas por causa do preço, hoje já existem inúmeras marcas com diferentes tipos de preço que podem tornar o seu acesso muito mais amplo.

Boas máscaras PFF2, no entanto, devem ter o Certificado de Aprovação (CA), número com cinco dígitos que comprovam que ela passou por testes no Inmetro. “Às vezes, você paga mais caro em uma máscara de pano com uma tecnologia antiviral que não tem a mesma eficácia que uma PFF2. E o melhor lugar para comprar essas máscaras é em lojas de construção ou de EPI (equipamento de proteção individual)”, diz Mori.

Para Jamal Suleiman, infectologista do Instituto de Infectologia do Emilio Ribas, a diferença hoje para o início de 2021 é com certeza o avanço da vacinação, mas mesmo ter recebido as duas doses de vacinas contra a Covid –ou já a dose de reforço– não significa que as máscaras devem ser abandonadas. “Quem está com sintomas gripais e mora com outras pessoas mesmo vacinadas devem continuar usando máscaras e monitorar com exames regulares”, afirma.

Para além da escolha do tipo de máscara, algumas outras medidas devem ser levadas em consideração para evitar passar uma doença contagiosa como a gripe ou Covid para outras pessoas.

A chamada etiqueta respiratória serve tanto para o coronavírus quanto para o vírus influenza: ao espirrar ou tossir, cobrir a boca e nariz com a dobra do braço, posicionando o cotovelo na frente do rosto. Caso espirre ou tussa com a mão na boca, higienize bem as mãos com álcool em gel antes de pegar na mão de outra pessoa ou em algum objeto.

Embora o risco de transmissão do Sars-CoV-2 por superfícies seja muito reduzido, talvez até insignificante, segundo os estudos feitos até hoje, a transmissão do vírus influenza pelos chamados fômites –que são gotículas de saliva ou espirro com o vírus– já é bem estabelecida.

O ato de colocar o braço em frente à boca e ao nariz ao tossir ou espirrar deve ser mantido mesmo por quem está de máscara. “O ideal é manter a máscara ou até se deslocar para um outro ambiente mais aberto, mas, se não puder sair, colocar o braço na frente já reduz muito as partículas que conseguem escapar por debaixo da máscara”, diz Stucchi, da Unicamp.

Mesmo com as longas esperas no pronto-socorro, o ato de comer ou beber, caso tenha suspeita de Covid ou gripe, deve ser feito isoladamente.

Suleiman reforça outro comportamento que deve ser evitado: “Vejo muitas pessoas abaixarem a máscara para falar ao telefone, como se as máscaras impedissem a compreensão da voz. É fundamental manter a máscara no rosto cobrindo o nariz e a boca, ainda mais em um momento de fala quando expelimos mais partículas. Só é recomendado abaixar se for comer ou beber, e já colocar de novo”, afirma ele.

Por Ana Bottallo

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