Eletrobras adia balanço, a 11 dias de prazo para não travar privatização
O processo precisa ser concluído ainda no primeiro semestre
A Eletrobras atrasou a publicação da demonstração financeira do quarto trimestre de 2021, bem como o consolidado do ano. Segundo analistas do mercado financeiro, a estatal teria até o dia 26 de março para cumprir o calendário de apresentação dos resultados sem comprometer o processo de privatização.
Pelo cronograma original, a estatal publicaria o balanço nesta terça-feira (15/3). No entanto, a apresentação das contas foi adiada para 18 de março. A videoconferência sobre os resultados, por sua vez, foi transferida de 15 para 22 de março.
Em nota ao mercado, a Eletrobras informou que não havia sido possível concluir a revisão das contas e que a data de publicação da demonstração financeira precisou ser alterada.
Quem acompanha os trâmites burocráticos para a venda de ações da companhia, no entanto, afirma que o atraso foi provocado pela greve de funcionários, que paralisou várias unidades do grupo por cerca de 20 dias, entre janeiro e fevereiro, e por uma divergência entre auditores em relação à contabilização da dívida da Usina de Santo Antônio com o BNDES.
Chegou-se a cogitar a republicação do balanço de Santo Antônio, que é ligada a Furnas. Como isso estenderia ainda mais a data de divulgação do balanço consolidado do grupo, optou-se por um adendo no balanço da usina no primeiro trimestre deste ano.
Maior empresa de energia da América Latina, dona ou sócia das mais importantes hidrelétricas do Brasil, a Eletrobras é responsável por um terço da geração de energia do Brasil e quase 44% do sistema de transmissão e corre contra tempo para viabilizar a privatização.
O processo precisa ser concluído ainda no primeiro semestre, antes de a campanha eleitoral entrar na fase decisiva e afastar investidores. A venda foi modelada para ocorrer por meio de capitalização em Bolsa.
Serão emitidas ações e recibos de ações (ADRs), respectivamente no Brasil e Estados Unidos, para reduzir a participação do governo de 72% para 45%. A expectativa é que a operação possa captar R$ 25 bilhões, uma das maiores cifras desse tipo de operação por uma empresa brasileira.
Por Alexandre Salomão e Nicola Pamplona