Diretor diz que Anvisa nunca teve dúvida de que não participaria de audiência sobre vacinar crianças
O trabalho da Anvisa se encerra na análise de solicitação de registro de um medicamento
Diretor da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Alex Machado Campos diz que a presença de um representante na audiência pública realizada pelo Ministério da Saúde para discutir a vacinação de crianças de 5 a 11 anos não foi sequer cogitada pelos membros da agência.
Segundo ele, o trabalho da Anvisa se encerra com a análise da solicitação de registro de um medicamento. “Defere-se ou não”, afirma Campos à reportagem.
“Realizamos o nosso trabalho técnico com o rigor científico e diante do exame das evidências contidas nos dossiês e estudos clínicos que demonstram (ou não) a eficácia, a segurança e a qualidade de um produto”, explica Campos.
“Esse trabalho é realizado tendo por parâmetro as melhoras práticas regulatórias mundiais. No campo da regulação, inclusive no contexto internacional, a nossa participação seria completamente desarrazoada, entendida como um movimento fora dos padrões”, continua.
Segundo ele, não seria razoável que a Anvisa voltasse “a validar ou questionar um registro já concedido pela área técnica da agência (cuja equipe tem o reconhecimento da comunidade internacional) em uma arena de discussões públicas cujo debate vai além da regulação.”
O diretor da Anvisa diz que os membros da agência não julgam o debate, que tem suas motivações.
“Mas não é o lugar institucional da agência reguladora. Por isso, desde o primeiro momento nunca houve dúvida de que não participaríamos”, conclui Campos.
Realizada nesta terça-feira (4), a audiência contou com representantes do Ministério da Saúde, sociedades médicas especializadas e de secretários estaduais.
Também participaram da discussão os médicos Roberto Zeballos, Augusto Nasser e Roberta Lacerda, que têm posição contrária à imunização das crianças e defendem uso de medicamentos sem eficácia, como a hidroxicloroquina e a ivermectina.
Os três médicos foram ao debate como representantes da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) da Câmara, presidida por Bia Kicis (PSL-SP), aliada do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Por Guilherme Seto