Dino anuncia apurações sobre conduta de agentes da PRF no caso Heloisa

Segundo o ministro da Justiça, a investigação deve terminar em breve

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que foram abertos dois PADs (processo administrativo disciplinar), um para averiguar as circunstâncias da morte de Heloisa dos Santos Silva, baleada durante abordagem da PRF (Polícia Rodoviária Federal) no Rio de Janeiro, e outro para apurar a ida de agentes da corporação ao hospital onde estava a menina estava internada.

“Verbalmente, eu indaguei hoje quando eu soube e procurei me informar. O que a Polícia Rodoviária informa é que eles não sabem se foram 28, mas que várias equipes foram porque foi uma equipe de Direitos Humanos da própria polícia, foi outra equipe para fazer a perícia do veículo”, disse Dino nesta segunda-feira (18).
De acordo com o titular da Justiça, a finalidade de um dos PADs é “distinguir policiais que foram lá porque deveriam ir e policiais que foram lá para finalidades estranhas ao objetivo da corporação”.

“Vamos separar as circunstâncias com esse PAD e saber quantos foram, porque foram, se esses fins eram legítimos ou se eventualmente houve um quadro absolutamente incompatível com a lei relativo à tentativa, quem sabe, de dissuadir ou ameaçar a família”, afirmou.

Segundo o ministro da Justiça, a investigação deve terminar em breve, não sendo possível dar mais detalhes sobre o caso porque ainda está em curso.

O ministro disse que há um esforço na corporação de reduzir o número de mortes em ocorrências da PRF. Segundo dados apresentados nesta segunda-feira (18), foram 44 mortes no ano passado e, neste ano, foram oito no total.

“Evidentemente nós temos medidas que estão sendo tomadas relativas à mudança da formação desses policiais, a forma como a direção emula para o contingente orientações administrativas inclusive para eliminar esse absurdo, esse disparate que contraria ordens da própria PRF, ou seja, essas normas dizem que não é possível a um agente diante da não parada de um veículo disparar arma de fogo. Isso está escrito nas normas da PRF”, disse.

COMO FOI O CRIME
Heloisa estava com a família indo para casa, em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, na quinta (7).
De acordo com relatos dos parentes e de testemunhas, uma viatura da PRF passou a seguir o carro em que a menina estava, na altura do município de Seropédica, na Baixada Fluminense. Os agentes abriram fogo após o pai da criança, William Silva, dar sinal de parada.

No carro, além de Heloisa estavam seus pais, uma irmã de oito anos e uma tia. O caso é investigado pelo Ministério Público Federal, pela Polícia Federal e pela Corregedoria-Geral da PRF.

Segundo a equipe médica que atendia a menina, Heloisa tinha várias perfurações por arma de fogo. Ao menos dois tiros a atingiram: um deles no ombro e outro na nuca, que se fragmentou.

Em depoimento à Polícia Civil, o agente Fabiano Menacho Ferreira admitiu ter atirado contra o carro em que estava a menina. Ele alegou que ouviu barulhos de tiro e, por isso, fez os disparos.

A versão, no entanto, não bate com o que disse o pai de Heloisa e uma testemunha que presenciou a movimentação dos agentes. Segundo eles, não houve nenhum barulho de tiro antes de o policial atirar.

A responsável pela área temática dos direitos humanos da PRF, Liamara Cararo Pires, afirmou à Folha de S.Paulo que a morte de Heloisa vai contra as diretrizes da corporação. “No mínimo, a gente pode dizer que os resultados não foram aqueles que são esperados nem desejados”, afirmou.

Por Raquel Lopes

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