Criança de seis anos morre baleada em tiroteio no Rio; moradores contestam versão da PM
De acordo com a Polícia Militar, homens do Batalhão da área estavam em patrulhamento na Estrada do Riachão
Uma criança de seis anos morreu e outras duas ficaram feridas na tarde de quinta-feira (6) durante um tiroteio que ocorreu na comunidade da Torre, no bairro Inconfidência, em Queimados, na Baixada Fluminense.
De acordo com a Polícia Militar, homens do Batalhão da área estavam em patrulhamento na Estrada do Riachão, um dos acessos à comunidade, quando foram atacados por criminosos. A corporação informou que a equipe se abrigou e não efetuou disparos -esta versão é contestada por moradores.
“Após cessarem os tiros, os agentes foram procurados por moradores dizendo que uma criança havia sido ferida. Ela foi socorrida para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Queimados, onde infelizmente não resistiu aos ferimentos”, informou a PM.
A vítima foi identificada como Kevin Lucas dos Santos, de 6 anos.
As meninas Gabriela, 9, e Ludmila, 13, também foram feridas durante o tiroteio e levadas para a mesma UPA que Kevin. Elas acabaram transferidas para o HGNI (Hospital Geral de Nova Iguaçu) e para o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, respectivamente.
Sobre Gabriela, o HGNI informou para a reportagem que ela deu entrada na unidade após ser baleada na perna direita, na região da coxa, e passou por cirurgia de emergência. Ela permanece internada e tem estado de saúde considerado estável. Ainda não há informações sobre o quadro de Ludmila.
A mãe de Kevin, Ana Claudia Santos, contou que não viu o momento em que o filho foi baleado. O menino estava brincando no quintal de casa quando foi atingido e segundo ela, na UPA, a família foi informada que a criança estava em atendimento. No entanto, o menino deu entrada morto na unidade de saúde. Segundo ela, o garoto foi baleado no peito.
“Eu pago imposto para ver meu filho morto? Ninguém sabe a dor que estou passando. Eu só quero meu filho. E agora? O que eu vou fazer? Eu não deixo meu filho largado. Chegando lá na UPA, os médicos falaram que ele estava bem e estava sendo atendido, sendo que ele já chegou morto.”
Kevin é o filho caçula de Ana Cláudia. que tem também um menino de dez anos. O garoto estava na companhia da babá quando foi baleado. Maria Cláudia da Silva Medeiros cuidava dele há seis meses e disse que não havia bandidos na comunidade e que carregou o menino morto nos braços até a UPA.
“Eu não vi de onde a bala veio, mas os únicos que estavam no morro eram os policiais. A gente não viu um bandido no morro. Depois dos tiros, quem chegou lá foi a polícia. Viram as crianças e não deixaram eu pegar o Kevin. Eu que meti a mão e falei: ‘Vou levar ele para o hospital, sim'”.
A filha da babá, de 3 anos, estava ao lado de Kevin quando ele foi atingido.
Por Marcela Lemos