Covid-19: especialistas divergem sobre reclassificação da pandemia para endemia
Ministério da Saúde estuda flexibilizar estado de emergência do novo coronavírus
Na última semana, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se reuniu com o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD – MG), para discutir sobre a possibilidade de o Brasil rebaixar a pandemia de Covid-19 para endemia. Especialistas dividem opiniões sobre ser precipitado julgar como situação endêmica, quando ainda ocorrem cerca de 400 óbitos por dia.
“A endemia representa apenas a estabilidade dos casos, se tornando uma doença comum que ocorre constantemente, na mesma proporção quando da gripe, dengue e várias outras endemias que enfrentamos atualmente. Pessoalmente acredito que ainda é cedo para falar sobre isso, quando, mesmo com a melhoria significativa, ainda temos um número expressivo de mortes e hospitalizações, principalmente quando levamos em conta os cálculos baseados no tamanho da população” aponta o Dr. César Carranza, infectologista do Hospital Anchieta de Brasília.
Com a imprevisibilidade da doença, provavelmente não será possível erradicar a presença do coronavírus. No entanto, os avanços tecnológicos e imunológicos fazem com que a convivência se torne cada vez menos fatal, e isso traz um grande alívio mental para milhões de pessoas ao redor do mundo.
Segundo o psicólogo Fernando Machado, o avanço da vacinação e a retomada progressiva das obrigações e momentos de socialização, fez com que houvesse maior conforto e segurança psicológica, assim, o sentimento de apreensão, antes vivenciado por inúmeras pessoas, passou a ter um sentido mais leve.
Impacto positivo
Devido o aumento na imunidade da população, conforme o psicólogo, essa reavaliação traria de volta a esperança de poder retornar às atividades que antigamente eram vistas como normais, de uma forma ainda mais segura e sem o sentimento de medo ou culpa que algumas pessoas têm enfrentado durante esses quase dois anos.
Ele destaca que a Covid-19 deixaria de ser uma emergência de saúde mundial e suas medidas restritivas também se tornariam opcionais, como o uso de máscaras, proibição de aglomerações e exigência do passaporte de vacinação, em todo o país.
“Por esses motivos, ainda há uma insegurança muito grande ao despender de tais hábitos adquiridos ao longo dos meses, o melhor a se fazer seria ampliar o alcance vacinal da 3º dose e o acesso aos tratamentos efetivos contra Covid e, então pensar em denominar tal estabilidade” lembra Fernando Machado.