Correios: “Quem vai pegar esse cheque sem fundo das mãos de Fabiano novamente?”, questiona líder sindical
O presidente da estatal não compareceu às reuniões de negociação com os trabalhadores neste ano
Na próxima segunda-feira (5), os trabalhadores dos Correios, em São Paulo, param as atividades. Na quinta (8), a greve estende-se para todo o Brasil. A informação foi divulgada, respectivamente, ao portal Mais Brasília (MB), pelos líderes sindicais Elias Cesário (Divisa), presidente do SINTECT-SP e Marcos Snt’Aguida, presidente do SINTECT-RJ e vice-presidente da FINDET (Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios).
Depoimentos combativos deixaram a reunião de negociação coletiva entre líderes sindicais e representante da Diretoria dos Correios com ânimos acirrados na tarde dessa sexta-feira (2), na sede da estatal, em Brasília. Entre eles, uma declaração comovente, em especial, pautou o sentimento dos trabalhadores.
“Parece que nós é que somos radicais, e não é isso.”, disse Elias Cesário (Divisa), presidente do SINTECT-SP, ao iniciar sua fala. E continua a falar com um questionamento: “O que eu estou querendo dizer é o seguinte: Como que nós iremos dar esse voto de confiança, pegar esse cheque sem fundo, de novo, pegar esse cheque em branco ou cheque sem fundo do Fabiano [Fabiano Silva dos Santos – presidente da estatal] novamente, se nem garantiu o que foi discutido aqui, nenhuma das situações que nós pedimos foi discutida? É isso que o movimento vai fazer?”.
Essa reunião de negociação coletiva na sexta (2) é uma das mais de dez que ocorreram nos últimos dois meses entre a categoria dos trabalhadores e a presidência e/ou Diretoria da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). O presidente da estatal não compareceu às reuniões de negociação com os trabalhadores neste ano.
Postagens veiculadas em redes sociais nesta sexta (2) mostram o presidente da estatal em um stand dos Correios, em evento do E-commerce, em São Paulo. A data-base dos Correios era na última quinta (1º), período final para concluir-se as negociações financeiras e direitos dos trabalhadores.
Durante os últimos dois meses, os trabalhadores dos Correios, segundo seus líderes sindicais, tentam, sem sucesso, avançar nas negociações com a presidência da estatal. Na última quarta (31/7), o ministro Lélio Bentes, do Tribunal Superior do Trabalho (TST) deferiu em favor dos trabalhadores um protesto judicial movido pela FINDECT-SP. Trocando em miúdos, na prática, isto quer dizer que qualquer acordo posterior à data-base terá efeito retroativo.
Para embasar seu posicionamento, Divisa traz um histórico de momentos em que ele e outros trabalhadores precisaram lutar por direitos na empresa.
“Trouxemos esse governo [Governo Lula] para avançar, não para retroceder. Nós elegemos este governo [Governo Lula] para manter o que era nosso. Para nós chegarmos no que chegamos aqui, foi muita luta, muito trabalhador mandado embora. Eu me lembro disso, da greve de 1997. [O que temos agora] Não foi o Lula que nos deu; eu sou lulista, mas não foi. Foi a luta dos trabalhadores. Não foi dado, foi recolocado o que já era nosso.”
Acerca de como a diretoria e/ou presidência da estatal está lidando com as negociações, o líder sindical é veemente:
“Segunda-feira (5) os motoristas de São Paulo vão paralisar. [Recentemente] Já viemos mobilizando, a partir de agora vamos mobilizar muito mais. Porque [isso] é uma falta de respeito. Já chega o que aconteceu no passado, do cheque em branco e do cheque sem fundo que veio. Mesmo que hoje venha aqui um papel com garantias. Eu acredito que não tenha que vir nem com a assinatura do Fabiano. Tem que vir com a assinatura de toda a Diretoria dos Correios, porque se vier somente com a assinatura do Fabiano, será que é confiável esse cheque? Porque até agora não foi cumprido o que foi colocado no passado.”
E ressalta:
“O presidente Lula colocou ele [Fabiano] aqui dentro, ele foi colocado aqui pelas mãos de Lula. Ele [Fabiano] está fazendo jus a essa confiança? Não, para mim, não. Então eu quero ver quem é o louco que vai pegar este cheque e vai andar de mão dada com ele [Fabiano] agora.”
Para além de ser combativo e/ou assertivo, o depoimento do líder sindical é comovente porque toca em pontos cruciais para qualquer trabalhador, como a questão da garantia mínima para os cuidados da própria saúde na idade mais avançada, ao, por exemplo, se aposentar:
“Aqui a grande maioria está com tempo para se aposentar, já pensou amanhã, se você pensar que nem nós, que estivemos à frente do sindicato, não conseguimos garantir o plano de saúde, o convênio médico, nem para nós mesmos. É inadmissível você ouvir isso de uma empresa com essa magnitude, do nosso governo.” E afirma: “Se não tiver nenhuma resposta positiva de tudo o que for discutido aqui, nem isso eles [Diretoria] vieram com uma resposta e agora vem pedir mais uma semana? Aí é chamar nós de otários.”.
E adianta: “Vou dizer por São Paulo, pelo sindicato de São Paulo, se vocês não vieram com isso antes, dia 7 nós estaremos de greve; sendo que, na segunda (dia 5), os motoristas já estarão de greve em São Paulo.”
Na última quinta (1º/8), a redação do Mais Brasília (MB) demandou a assessoria de imprensa dos Correios com questionamentos acerca de provável greve dos trabalhadores dos Correios a partir do próximo dia 8, mas não obteve resposta até o fechamento da reportagem sobre a greve, que foi veiculada na mesma quinta (1º). O portal Mais Brasília (MB) está a disposição da assessoria, da presidência e/ou da Diretoria da estatal para quaisquer posicionamentos e/ou esclarecimentos.