Contador da milícia que recebeu auxílio emergencial movimentou mais de R$ 1,5 milhão, diz MPRJ – Mais Brasília
Agência Globo

Contador da milícia que recebeu auxílio emergencial movimentou mais de R$ 1,5 milhão, diz MPRJ

Primo do contador Danilo Tandera lavava dinheiro para grupo paramilitar e chegou a sacar R$ 50 mil em uma agência

Foto: Reprodução

Preso nesta terça-feira pela Polícia Civil,  em Ramos, na Zona Norte do Rio, sob suspeita de ser o contador da milícia chefiada por Danilo Dias Lima, o Danilo Tandera,  André Luís Felipe, o Rocha, de 33 anos, primo da Tandera, tinha papel fundamental no esquema de lavagem de dinheiro do grupo paramilitar.

Segundo denúncia assinada por promotores Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro, Rocha movimentou para a milícia, num período de quatro anos, mais de R$ 1,5 milhão. Para lavar o dinheiro do bando obtido com atividades ilícitas como extorsões e vendas de taxas de segurança, o primo do chefe da quadrilha usava uma conta bancária de uma empresa de serviços de administração de condomínios.

Segundo a denúncia, ele também emprestava ao grupo miliciano cartões de crédito e de débito, além de ter o nome usado como laranja em uma conta bancária, que servia como  caminho de passagem para transferências realizadas em outras contas. De acordo com o MPRJ, o total movimentado em dinheiro por Rocha é incompatível com a renda anual por ele declarada, no valor de R$ 12 mil. Além disso, de acordo com os promotores, André chegou a receber auxílio emergencial do governo durante o período da pandemia.

Entre as movimentações financeiras feitas pelo suspeito, detectadas por investigadores da 48ªDP(Seropédica) e pelo Gaeco, estão um saque de R$ 50 mil em uma agência bancária localizada no Bairro do Flamengo, na Zona Sul do Rio, e um gasto de R$ 3.394,49 em um cartão de crédito.

Segundo o MPRJ, esta despesa foi feita em uma loja de móveis de Campo Grande, em novembro de 2020, para equipar uma casa reformada por Delson Dias Lima, o Delsinho. Segundo na hierarquia da milícia de Tandera, Delsinho morreu numa troca de tiros com policiais em agosto de 2022. Já Tandera está com a prisão decretada pela Justiça e encontra-se foragido.

Em outro episódio, Delsinho indicou uma conta que seria de seu primo André Luís Felipe para receber um depósito, feito por um outro integrante do bando, no valor de R$ 4 mil. O dinheiro, segundo a investigação, foi usado para pagar a fatura de um cartão de crédito usado pelo miliciano.

Nesta terça-feira, o governador Cláudio Castro anunciou criação de um grupo de trabalho, em conjunto com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, para justamente investigar a lavagem de dinheiro de máfias que atuam no Estado do Rio de Janeiro.

O grupo terá representantes de instituições de segurança e controle financeiro, como a Fazenda Estadual, Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e Secretaria Nacional de Segurança Púbica, entre outros. A finalidade do trabalho será o rastrear o dinheiro obtido por milicianos e traficantes para sufocar financeiras às organizações criminosas.