Como responder quando perguntam sua pretensão salarial em um processo seletivo
Recomendação é consultar guia salarial, encontrado em plataformas online que divulgam remuneração
Responder qual é sua pretensão salarial durante um processo seletivo pode ser difícil, principalmente em tempos de instabilidade econômica. Como calcular um valor que, ao mesmo tempo, valorize sua experiência profissional e não afaste o empregador?
Uma recomendação é consultar um guia salarial, encontrado em plataformas online como Glassdoor, Info Jobs e a Catho, que divulgam uma média de remuneração para cargos e profissões. A partir daí, pode-se estabelecer um intervalo de valores que o profissional considere aceitável.
“Por exemplo, se eu sou um publicitário, tenho que verificar na pesquisa qual a média salarial e, se ela for R$ 5.000, posso começar a partir disso. Eu indico deixar uma gordura, ou seja, proponha R$ 6.500, mas diga que está disponível para negociar”, diz Raquel Amaral, diretora-executiva na RRH Assessoria e Consultoria de Carreiras.
Outra dúvida comum entre os candidatos é sobre colocar a pretensão salarial no currículo, mas, segundo a diretora-executiva, isso é arriscado, porque o profissional pode perder a vaga por ter pedido um valor que a empresa não está disposta a pagar.
“O recrutador não quer arriscar e acaba eliminando o profissional só porque ele colocou aquela pretensão. Talvez a pessoa até aceitasse menos. Por isso, o ideal é não colocar, a não ser quando a vaga solicite”, afirma.
Segundo a plataforma Catho, apenas 0,09% das vagas cadastradas em seu sistema pedem logo de cara a pretensão salarial do candidato. De acordo com o site, muitas empresas optam por abordar a questão no momento da entrevista ou durante outras etapas do processo seletivo.
O publicitário Charles Luna, 30, concorreu a uma vaga de analista de mídia digital pleno. Na primeira entrevista, ele respondeu o quanto recebia no seu emprego atual e quanto queria ganhar para trocar de trabalho.
Mesmo informando o valor desejado no início, a companhia o fez passar por quatro fases do processo seletivo para só depois informá-lo que não conseguiria pagar o que ele desejava.
“Eu acho ruim [pedir a pretensão salarial] porque na maioria das vezes ficamos com a sensação de que, na verdade, é um leilão dos profissionais. Estão querendo ver quem vai pedir menos. Quem vai ser a pessoa com mais qualificação e experiência, mas que cobre pouco”, diz Charles.
Para Rodolpho Carnevale, 36, gerente de operações em uma rede de postos de gasolina, o ideal seria que, a partir do primeiro contato, a empresa fosse transparente sobre o tema.
Ele passou por uma situação similar à de Charles e relatou o ocorrido em uma rede social. Na publicação, Rodolpho explicou que, no início, sugeriu um valor maior que sua remuneração atual. A empresa concordou e ele foi aprovado para a vaga. No entanto, ao final do processo, a companhia o surpreendeu com uma proposta salarial menor do que o acordado previamente.
“Eles deveriam ter dito ‘nosso teto para essa vaga é X’ no primeiro momento. Aí eu falaria ‘para mim não dá, tenho meus custos fixos’. Isso me fez perder tempo. Fiquei frustrado, porque você acaba criando expectativa sobre a mudança, já que a pretensão salarial havia sido aprovada. Então, você não acredita que vai ser menos do que você propôs”, explica.
Do lado das empresas, a informação serve para acelerar processos. Se a companhia não pode pagar o que o candidato quer, por exemplo, não há motivo para o contato continuar.
Richard Vasconcelos, diretor-executivo da LEO Learning, de educação corporativa, diz que o valor é usado por sua empresa como um filtro.
“Imagina que você tem uma vaga que vai pagar R$ 4.000 e, na primeira entrevista, a pessoa fala que quer R$ 15 mil. Então, já vou eliminá-la do processo, porque não vai fazer sentido continuar”, explica.
Outro argumento de companhias que pedem a pretensão salarial é que a informação pode ajudar em uma negociação.
“Se há um candidato que pede um pouco acima, mas eu acho que ele vai trazer resultados, pode-se discutir com o gestor o tema, ou oferecer algum outro benefício”, diz Renata Teixeira, gerente de recursos humanos na Agência Bold, que pede a informação dos postulantes às suas vagas.
Por Vitória Pereira