Com fome, população busca por ossos de carne em descarte do Mercadão de SP
"Vergonha é roubar e ir para a cadeia, eu não vou morrer de fome não", disse mulher que procurava por alimento
Sem ter alimento em casa, parte dos moradores de São Paulo encontrou uma forma de driblar a fome. É comum ver, a cada dia, mais pessoas à procura de ossos de carne na caçamba de descarte do Mercadão da capital.
Ainda que no local, considerado um dos principais pontos turísticos da cidade, onde a venda de frutas, verduras, carnes, peixes e castanhas é intensa, sem dinheiro, é do lado de fora que a realidade de parte da população brasileira fica evidente.
Em entrevista ao portal G1, um funcionário do Mercadão afirmou que o ponto sempre foi buscado por moradores em situação de rua para tentar conseguir alimentos que foram jogados fora, mas que com a crise causada pela pandemia, outras pessoas, algumas delas famílias em necessidade, também começaram a aparecer.
Uma senhora de 55 anos foi flagrada na luta pelo alimento. Desempregada, a mulher revelou que começou a ir ao local há poucos dias.
“Vergonha é roubar e ir para a cadeia, eu não vou morrer de fome não”, disse.
Moradora de Guianases, na Zona Leste da capital – a cerca de 30 km do Mercadão – ela divide o aluguel de R$ 400 com um companheiro. Sem receber auxílio, a mulher afirmou que costumava ajudar o marido com a venda de coco, em uma barraca próxima ao mercado, mas que devido à pandemia as vendas caíram.