Cidades do interior de SP usam estratégias agressivas para garantir vacinação contra Covid
Houve ampliação de campanhas de conscientização, chamadas por telefone e até mesmo a busca direta na casa dos faltosos como forma de reduzir casos da doença
Prefeituras do interior de São Paulo que estão abaixo da meta estadual de imunização passaram a adotar estratégias mais agressivas para convencer as pessoas a voltarem aos postos para a segunda dose da vacina contra a Covid-19.
Houve ampliação de campanhas de conscientização, chamadas por telefone e até mesmo a busca direta na casa dos faltosos como forma de reduzir casos da doença que já provocou mais de 545 mil mortes no país.
É o caso de Jaguariúna, na região metropolitana de Campinas. Com cerca de 59 mil habitantes, a cidade incluiu entre os procedimentos do sistema de imunização uma visita de agentes de saúde diretamente na residência da pessoa que deixou de retornar para a segunda dose.
“Ao identificarmos os faltosos, primeiro fazemos busca ativa por telefone e solicitamos que o usuário vá até o centro de imunização”, diz a secretária municipal de Saúde, Maria do Carmo Pelisão. “Quando essa estratégia não funciona, fazemos visita domiciliar para regularização da segunda dose”.
A visita é feita por uma equipe de um programa de atendimento domiciliar já existente na estrutura da secretaria. “A partir daí, quando a gente identifica a pessoa, a equipe se desloca para a casa e já faz a aplicação. O pessoal chega com a vacina e faz a aplicação. Não tem nem visita preliminar”, conta a secretária.
Segundo Maria do Carmo, de 224 faltosos identificados até agora, 130 foram atendidos pelo sistema de visitação em casa. “O sistema deu muito certo e é, claramente, responsável pelo baixo índice de abstenções que temos no município”, disse ela. A cidade tem índice de ausências de apenas 0,7%.
Jaguariúna já aplicou 33.233 vacinas de primeira dose e, desde o início desta semana, o público atendido é de pessoas acima de 30 anos.
Segundo dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde, o número de pessoas que deixaram de comparecer para tomar a segunda dose em todo estado subiu de 239,2 mil no final de junho para 642 mil esta semana -um aumento de 168%.
O alto índice de abstenção verificado no estado contou com a ajuda de cidades como Várzea Paulista, por exemplo. Com 123 mil habitantes, o município da região de Jundiaí permaneceu por várias semanas entre os últimos no ranking da vacinação elaborado pelo estado.
Na primeira semana deste mês, segundo a prefeitura de Várzea Paulista, mais de 12,2 mil pessoas deixaram de comparecer para a segunda dose ou nem sequer fizeram o cadastro para a primeira. A grande maioria (8.527) foi de pessoas de idade entre 40 e 49 anos. Entre os de 50 e 59 a ausência também foi grande: 3.293 pessoas que poderiam receber a primeira dose, mas não se habilitaram.
Por causa disso, a prefeitura decidiu colocar nas ruas uma campanha de convencimento. Um carro de som passou a circular pela cidade chamando para os agendamentos e alertando sobre a necessidade de retorno para a imunização completa.
“Realmente tivemos falta de adesão por parte de alguns grupos, o que foi sanado com intensas campanhas de conscientização, onde utilizamos carros de som, redes sociais e campanhas de WhatsApp nas UBSs”, afirmou a prefeitura, em nota.
Também foram adotadas outras medidas para melhorar o desempenho do município no ranking estadual da vacinação, como horário ampliado do drive-thru e descentralização dos postos de vacinação.
A cidade, que ficou entre as lanternas (na posição de 633 no ranking estadual entre 645 municípios), aposta que está melhorando. Das 82.057 doses recebidas, diz que conseguiu aplicar 61.546.
Ao contrário de Jaguariúna, na cidade de Rio Grande da Serra, na Grande São Paulo, os faltosos representam 5,8% do público-alvo na cidade, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde.
“Nossos esforços estão na busca ativa em vacinar os faltosos de segunda dose, que não estão comparecendo para tomar a vacina”, disse a secretaria em nota. “Aproveitamos a matéria para pedir aos pacientes que retornem nas unidades para terminar o esquema vacinal de duas doses”.
A prefeitura diz fazer campanha com carro de som, além de promover busca ativa por telefone. As unidades básicas são notificadas e entram em contato com os faltosos, que são orientados a procurar a unidade mais próxima, uma vez que não é necessário agendamento.
A secretaria de saúde garante que o cronograma de vacinação estabelecido pelo governo do estado vem sendo cumprido. A cidade está vacinando as pessoas acima de 30 anos.
O município de Paulínia registra um índice de 2,3% de não retorno para a aplicação de segunda dose, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.
De acordo com a secretaria, profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) fazem busca no sistema de pacientes inscritos das faixas etárias remanescentes, atrás dos faltosos. Já a Vigilância faz busca ativa de pacientes cadastrados no site VaciVida.
A cidade de Americana se deparou com o problema já há algum tempo. Diz que no começo de junho fez um levantamento sobre faltosos e constatou a ausência de 1.141 pessoas. Destas, 63% tinham mais de 60 anos.
Segundo a secretaria de saúde, as justificativas apresentadas à Vigilância sobre as faltas são problemas de saúde, esquecimento, falta de tempo e decisão pessoal por não tomar mais a vacina, entre outros motivos.
Indaiatuba diz ter identificado 1.718 faltosos – 900 da Coronavac e outros 818 da AztraZeneca e montou um esquema de reconvocação por meio de um sistema municipal chamado Minha Vacina. São enviadas mensagens por e-mail, telefone e WhatsApp.
A Prefeitura de Sumaré também enfrenta o problema. O levantamento mais recente mostra que a cidade tinha ao menos mil faltosos para a segunda dose. A Prefeitura afirma que tem buscado esse público por meio de contato por telefone. Até 21 de julho, Sumaré havia aplicado 185.378 doses da vacina. A cidade tem população de 286 mil habitantes.
Por: TOTE NUNES